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Vítimas amputadas após acidentes de trânsito em Rondônia tentam se adaptar a próteses

Sábado, 15 Julho de 2017 - 10:59 | por Vanessa Farias


Vítimas amputadas após acidentes de trânsito em Rondônia tentam se adaptar a próteses

“A gente nunca pensa que vai acontecer com a gente. Eu corria muito e achava que sempre seria capaz de evitar um acidente, mas aí aconteceu comigo e foi preciso ser assim para eu aprender”. A declaração é de Márcio Pereira de Souza, de 23 anos, amputado há três anos, após um grave acidente de moto em uma estrada vicinal do município de Nova Brasilândia, interior de Rondônia.

Somente em 2016, o Pronto-Socorro e Hospital João Paulo II atendeu a 5.197 pacientes de acidentes de trânsito em todo o estado. Segundo dados da assessoria de comunicação do hospital, os maiores índices ficam por conta dos acidentes com motocicletas, com registro de 4.167 atendimentos na unidade.

Márcio faz parte da estatística de casos de acidentes envolvendo motocicletas. Sem habilitação para pilotar, o jovem costumava se deslocar do sítio para a cidade de moto, mas os limites de velocidade não faziam parte do hábito. “Eu só andava correndo, sempre. No dia do acidente, bati de frente com uma carreta e a rótula do meu joelho direito foi arrancada. Fui levado para o João Paulo II”.

Lá no pronto-socorro, o rapaz ficou internado por cinco dias e depois foi transferido para o Hospital de Base Ary Pinheiro onde, devido uma infecção, teve a perna amputada até quase a altura do quadril. Em um mês o jovem foi para casa e a batalha para se adaptar à nova vida começou. “Perdi 50% da minha capacidade de produção. Alguns serviços que eu fazia rapidamente no sítio, agora faço com dificuldade levando mais tempo para concluir”, conta Márcio.

Mas após todo o período sem conhecimento de que era possível conseguir uma prótese em Rondônia, o jovem foi informado por um conhecido que também passou pelo mesmo problema em Porto Velho, sobre a Oficina Ortopédica do Hospital Santa Marcelina, em Porto Velho, a aproximadamente 17 quilômetros da área urbana da capital.

Depois de ter passado todo o mês de março na unidade, onde passou pela avaliação de equipes de fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, assistente social e terapeuta ocupacional, Márcio voltou e já passou pela fase de molde e produção da prótese. Nesta quinta-feira (14), ele começou a treinar.

“Estou seguro. Isso vai me ajudar muito. Quero voltar a trabalhar, a caminhar sem precisar de muletas. Meu recado para os jovens, que pensam como eu pensava, é que a vida da gente vale mais. Não vale a pena correr. Dou graças a Deus de estar tendo uma segunda chance”, declara Márcio.

Oficina

Segundo a assessora de comunicação da unidade, Wania Evangelista, cerca de 100 novas próteses são produzidas e entregues anualmente aos pacientes que chegam até a unidade após a recuperação e cicatrização do coto. “É preciso marcar a consulta com o fisioterapeuta e passar pela avaliação. Quem é do interior tem a dificuldade da distância, e para isso oferecemos o alojamento onde é cobrada a taxa diária de R$15, com café da manhã e jantar incluídos. Essa taxa é porque o hospital vive de doações e assim podemos ajudar a quem precisa”, explica.

Com a nova oficina, que começou a funcionar em janeiro, a estrutura e capacidade de atendimento mais humanizado se tornou ainda mais favorável aos pacientes. Segundo Wania, a oficina realiza 10 mil atendimentos por ano e, por se tratar de uma instituição filantrópica, o hospital depende de incentivos financeiros empresariais e convênios governamentais para continuar com o trabalho.

A nova oficina foi construída graças a um convênio com o Tribunal Regional do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho, recurso oriundo de multa trabalhista, que contemplou o projeto apresentado pelo hospital. “O trabalho já existia, mas sem essa estrutura, com todas as condições específicas necessárias para o resultado do trabalho de qualidade que oferecemos”, diz assessora. Foram oito meses para que a obra fosse concluída e desde janeiro atende não só a pacientes do estado, mas também de estados vizinhos.

Trânsito x JPII

Os acidentes com automóveis registraram em 2016 o total de 495 entradas de pacientes no JPII, e há ainda o registro de pacientes que deram entrada no hospital devido a acidentes de trânsito sem especificação, que soma 535 atendimentos.

De todos os atendimentos específicos realizados pelo JPII, os números apontam que os pacientes envolvidos em acidentes de trânsito com motocicletas são os maiores, perdendo apenas para a classificação de sintomas diversos, com 25.702. O setor de ortopedia realizou durante todo o ano o total de 14.018 atendimentos e a clínica cirúrgica chegou a 13.399.

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