Rondônia, 25 de abril de 2024
Jornal Rondoniagora
Siga o Rondoniagora

Artigos

Acre começa a "exportar" imigrantes haitianos para Rondônia

Terça-feira, 10 Janeiro de 2012 - 10:19 | Altino Machado


Haitianos comemoram embarque em Rio Branco

Um grupo de 35 haitianos desembarcou na manhã desta terça-feira (10) em Porto Velho (RO) com a esperança de que será admitido como mão-de-obra nas hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, fazendas, frigoríficos e indústrias da região. O grupo faz parte dos 1,2 mil imigrantes que se concentraram nos últimos quatro meses no município de Brasiléia, na fronteira do Acre com a Bolívia.

A transferência deles envolve o esforço do governo do Acre, Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Justiça, que custeiam as passagens de ônibus. Eles partiram de Brasiléia na segunda-feira e passaram o dia em Rio Branco, capital do Acre, onde obtiveram CPF e Carteira do Trabalho e Previdência Social.

Ao desembarcar em Porto Velho, o grupo foi recebido apenas por amigos e familiares que já se encontram na cidade. O governo do Acre pretende enviar diariamente 35 haitianos para reduzir a presença de pouco mais de mil imigrantes que ainda se encontram no Estado.

Leia mais:

Haitianos relatam que encontraram corpos em decomposição durante fuga para o Brasil, diz antropóloga

Ativistas de direitos humanos pedem investigação de violações contra haitianos

Crise humanitária se instala na fronteira do Acre com a Bolívia

Em busca de trabalho no Brasil, haitianos passam fome em Iñapari, no Peru

Com país arrasado, Acre se torna rota para entrada de haitianos

- As pessoas desse grupo se cadastraram tendo como destino Porto Velho porque já possuem parentes e amigos lá. Acho que o fluxo de imigrantes na fronteira Brasil-Bolívia diminuirá. Temos ainda 1050 haitianos. Nos últimos sete dias, chegaram apenas 21 novos imigrantes - disse o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão.

Além de Porto Velho, o destino dos haitianos inclui Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS),  São Paulo (SP) e o próprio Acre, onde um frigorífico contratou na segunda 60 imigrantes.

Representantes de empresas da construção civil de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina contataram autoridades do governo acreano e estão sendo recebidas para iniciar a seleção de trabalhadores.

Quase 800 haitianos ingressaram ilegalmente em território brasileiro, via Tabatinga (AM) e Brasiléia, entre a última semana do ano passado e a primeira de 2012.

Até chegar ao Acre, os imigrantes relatam que são vítimas de extorsão, roubo, estupros e mortes quando percorrem territórios do Peru e da Bolívia. A onda migratória por melhores condições de vida teve início em 2010, após o terremoto que devastou o Haiti.

Mas nem todos estavam no Haiti quando o país sofreu o terremoto. Alguns se aproveitam da situação e se deslocam para o Brasil a partir de outros países, principalmente a República Dominicana.

O trabalhador Exumé Malhurin, por exemplo, decidiu deixar a República Dominicana no começo de outubro e viajou 10 dias até o Acre. Ele é casado e pai de quatro filhos.

- Sou evangélico e sei que o que Deus une ninguém separa, embora muita gente fique pensando que vou constituir uma nova família. Meu plano verdadeiro é trabalhar no Brasil, em qualquer lugar. Preciso enviar dinheiro para sustentar minha mulher e meus filhos. Espero que as autoridades brasileiras permitam trazer minha família pelas vias legais o quanto antes. Difícil vai ser viver em Porto Velho, onde o aluguel para morar custa no mínimo R$ 300. Espero que Deus me ajude e tudo dará certo - disse Malhurin.

Exumé Malhurin deixou a família na República Dominicana

Rondoniagora.com

SIGA-NOS NO Rondoniagora.com no Google News

Veja Também