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Cidades

Marina Silva diz ser contra estrada ligando Porto Velho a Manaus

Terça-feira, 25 Maio de 2010 - 14:07 | TERRA


Durante a sabatina feita em Brasília, na Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta terça-feira (25), a pré-candidata do PV à presidência da República, Marina Silva, respondeu às questões dos empresários. A primeira pergunta direcionada à representante do Partido Verde foi do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, Antônio Carlos Silva, que questionou a pré-candidata sobre a construção da BR-319, que liga Porto Velho a Manaus.



A senadora licenciada disse que mantém sua posição contra a construção da estrada . Segundo Marina, "o problema são os 400 km de floresta viva que não terá atividade produtiva, será um fio negro no meio da floresta escura". Ela ainda destacou que o consórcio privado desistiu do empreendimento e a obra sequer entrou no PAC, "até hoje tenho uma grande desconfiança em relação a isso".

Durante seu discurso inicial, antes de ser questionada, Marina disse que tratará com respeito e atenção a agenda da CNI por "implicar num desenvolvimento sustentável".

"Estou aberta a ser convencida das boas ideias. Avaliei o documento com a minha equipe e há uma disposição para o diálogo. Ainda que (a indústria) seja um segmento, ele não está isoloado do que são os desafios maiores do Brasil, que implica um desenvolvimento sustentável", disse a senadora, que pediu para se apresentar sentada e não no púlpito, por ter "dificuldade visual".

Marina foi aplaudida quando afirmou que não é fácil fazer a reforma tributária e criticou a maneira com que opositores tratam o assunto. "As pessoas assumem um compromisso com a reforma e, quando ganham, fazem a reforma do compromisso e não a reforma que precisa. Acho que a gente pode mudar esse discurso, Reformando aquelas que vão ser nossas lideranças".

Durante seu discurso, Marina citou o slogan "Brasil Pode Mais", mas sem citar Serra: "Qual palavra que estamos procurando para mobilizar esse País? Ainda não sabemos. Se eu tivesse já teria dito, como: ′crescer, acabando com a pobreza e a miséria′. Seria um grande desafio. Outro que ouvi foi que o ′Brasil pode mais′. O problema é que ficamos na dependência do Brasil, que tem recursos naturais muito ricos", afirmou.

E analisou a si mesma na sabatina: "Vocês devem estar pensando: A Marina veio aqui sem falar como a Serra e a Dilma, mas eu digo: vou tratar com o maior respeito esse assunto. Vocês colocaram aqui (na agenda) o sonho de um Brasil sustentável. Enquanto olhava para os senhores, pensei: ′como uma mulher negra, analfabeta até os 16 anos, tem essa oportunidade de ficar à frente de senhores tão importantes?′ Eu podia competir com números que não tenho tanta familiaridade. Mas aqui eu vejo, na agenda, um prenúncio de um Brasil melhor. Se formos fazer o mais do mesmo, vamos ter os mesmos resultados′, disse.

Sabatina
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo, Lucas Izotón, foi o segundo a questionar Marina Silva, ele abordou o tema das micro e pequenas empresas no Brasil. Izotón perguntou à senadora se ela aceitaria colocar o conceito de "pense nas pequenas primeiro" em seu plano de governo.

Ao responder à questão, a pré-candidata afirmou que no Brasil há lugar para as grandes, médias e pequenas empresas. "As pequenas, no entanto, precisarão de mais investimentos do governo", disse. Marina citou como exemplo os Estados de São Paulo, onde o período para abertura de uma empresa é de 3 meses, e de Minas Gerais, onde com 19 dias é possível abrir um empreendimento. "Precisamos transformar em políticas públicas as boas ideias que já existem".

A pré-candidata pelo PV disse que é fundamental adotar esse conceito. "Se quisermos que o País seja próspero, devemos apostar em transformação e isso significa dizer que deve haver espaço para as pequenas empresas". Ela citou como exemplo o caso de Guilherme Leal, vice da chapa do PV, que, de pequeno empresário conseguiu transformar e expandir seu negócio. "O Estado brasileiro tem que incentivar as micro e pequenas empresas, garantindo os investimentos necessários e, principalmente, criando oportunidades de mercado seguras".

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, Alcântaro Corrêa, questionou qual seria o papel da indústria caso a pré-candidata do PV chegue ao governo. Marina afirmou que o segmento ocupa um lugar estratégico, importante e necessário. "Não há como pensarmos que o Brasil, um dos maiores produtores de minério, tem que comprar os trilhos da China para construir suas ferrovias. Por aí, já se explica tudo", disse.

Marina afirmou que não há mais como continuar dependendo de recursos externos e defendeu a desoneração da produção e o cuidado com a competitividade e com a carga tributária, para que essa "não inviabilize o crescimento da indústria e da transformação", disse.

Corrêa perguntou como a presidenciável pretende atuar em relação aos problemas da competitividade. Marina criticou a forma utilizada no controle da inflação, com a elevação dos juros, lembrando que os mais prejudicados fazem parte do setor de investimento. "É o uso do cachimbo só de um lado da boca". Para a verde, a solução seria a diminuição dos gastos públicos, fazendo com que eles cresçam somente até a metade do PIB. "Porque se formos capazes de manter esse equilíbrio, vamos em direção ao ajuste fiscal", afirmou.

Por fim, Corrêa questionou qual seria a estratégia na inovação. Marina afirmou que só há um caminho para pensar na ampliação do conhecimento e da tecnologia: apostar na educação, valorizando o professor com uma remuneração justa.

Considerações finais

Marina Silva começou suas considerações finais agradecendo a presença dos empresários. "Sinto-me muito honrada com os meus ainda 12% e com a possibilidade de fazer esse diálogo", afirmou. Ela reafirmou que acredita que a sociedade brasileira desde a conquista da democracia está disposta a fazer as transformações que o mundo precisa. "Isso não virá de uma pessoa e nem de um partido, vai vir de todos nós", disse.

Ela ainda disse que os brasileiros estão quebrando paradigmas. "Estamos saindo de um Estado que cria cargos para ter governabilidade e fazer o exercício da política". Marina ressaltou que no primeiro turno as pessoas votam em quem acreditam ser o melhor para o Brasil, o que não ocorre no segundo. "Depois a gente se desvia do pior, mas isso só a sociedade brasileira vai pode fazer". Para a pré-candidata do PV, só a sociedade brasileira pode decidir seu futuro. "Nenhum líder por mais relevante e competente que seja pode oferecer para o seu povo um destino". Na conclusão, ela acrescentou que apenas "déspotas oferecem um destino a seu povo, pois os democratas dão a possibilidade de se construir um futuro e o máximo que eles podem fazer". Rondoniagora.com

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