Rondônia, 28 de abril de 2024
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Polêmica e suspeitas de favorecimento na Saúde em Vilhena

Outra entidade vence no preço, mas prefeito demonstra preferência pela Chavantes e antecipa o resultado em favor dessa. Relatório Técnico do Tribunal de contas desqualifica contratação da Chavantes e aponta várias irregularidades cometidas pela prefeitura de Vilhena

Sábado, 06 Janeiro de 2024 - 13:27 | Redação


Polêmica e suspeitas de favorecimento na Saúde em Vilhena

Nesta segunda-feira (8), Prefeitura de Vilhena, através de uma comissão especial de chamamento público, presidida pela servidora Érica Pardo Dala Riva, anuncia a entidade vencedora que irá administrar o Hospital Regional, o Instituto do RIM e a UPA 24hs. No critério de preço, o Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (IBRAPP) derrotou a concorrente, a Santa Casa de Misericórdia Chavantes, apresentando a menor proposta em mais de 2 milhões de reais. mas é visível a preferência do prefeito Flori Cordeiro de Miranda Junior pela outra entidade, que já está trabalhando em contratos emergenciais considerados irregulares há quase um ano.

Pelo menos foi o que o delegado-prefeito deixou claro em entrevista ao jornal Extra de Rondônia, quando perguntado sobre o modelo de saúde que deverá aplicar em Vilhena. Veja o que ele disse: “ Não basta ser mais barato, tem que atender bem e fazer a quantidade de atendimentos corretos. Está no edital, na lei, e a prefeitura vai exigir à iniciativa privada vencedora que tocará o Instituto do RIM, Hospital Regional e a UPA”. A relação da Santa Casa de Misericórdia Chavantes com o prefeito Flori é antiga. Ao Ideias Podcast, o prefeito disse que mandou convites para três “empresas” que ele tinha afinidade e conhecimento. “Você colocou empresas que você conhecia? É lógico. Vou colocar empresa desconhecida? Essa é uma fase que restringe a concorrência por motivo justificado”, explicou o gestor municipal ao programa de streaming.

Tribunal de Contas pensa o contrário

Mas o pensamento do prefeito não é amparado pelo Tribunal de Contas de Rondônia. Após receber denúncia em razão da contratação da Santa Casa Chavantes, o relatório de auditoria do TCE considerou ilegal a contratação sem licitação da entidade por não dispor dos requisitos básicos para atender as unidades de Saúde de Vilhena. Leia a decisão: “Ante o exposto, conclui-se pela irregularidade do ajuste com a Santa Casa de Misericórdia de Chavantes sem a qualificação de organização no âmbito do município de Vilhena. Nos termos do art. 62, III do RITCERO, se faz necessário chamar em audiência o Sr. Flori Cordeiro de Miranda Junior, prefeito municipal”. No documento, elenca-se leis descumpridas e ao menos cinco irregularidades envolvendo a entidade filantrópica, que assinou contrato de R$ 55,4 milhões por 6 meses sem licitação com a Prefeitura de Vilhena, o maior valor de uma contratação da história do Poder Executivo local. Para o auditor, a qualificação deveria acontecer antes de eventual contratação, sendo, portanto, impossível de ser sanada atualmente.
Na entrevista ao Podcast, Flori diz que mandou convites a três entidades, após decretar situação de emergência em Vilhena, justamente para justificar a contratação direta sem licitação por 6 meses. Na verdade, ele mandou para 4, segundo o TCE: Centro de Estudos João Amorim; Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde; Sociedade Beneficente Caminhos de Damasco e a Santa Casa de Misericórdia de Chavantes. No item 62 do relatório do Ministério Público de Contas, o auditor aponta o seguinte: “Pois bem. Ocorre que, muito embora a entidade selecionada, Santa Casa de Chavantes, detenha a qualificação como Organização Social em âmbito federal18, não dispõe de qualificação na esfera local, conforme exige a legislação de regência. Ante o exposto, conclui-se pela irregularidade do ajuste com a Santa Casa de Misericórdia de Chavantes sem a qualificação de organização no âmbito do município de Vilhena”.

Veja trechos da auditória do TCE:

Polêmica e suspeitas de favorecimento na Saúde em Vilhena

E ainda

Polêmica e suspeitas de favorecimento na Saúde em Vilhena

Entidades  escolhidas pela prefeitura tem correlações

Em relação aos contratos emergenciais vencido pela Chavantes, as quatro entidades cujo convite foi enviado pelo prefeito por conhece-las, conforme ele mesmo testemunhou em entrevista à imprensa (veja vídeo a seguir), tem vínculo profissional. Pesquisando os perfis na rede social Linkedin, percebe-se que ambos já participaram ou estão interligados ao atual presidente da Chavantes, Anis Ghattas Mitri Filho. Embora tenha escolhido a Chavantes para gerir o contrato emergencial de 6 meses, a entidade não possui as qualificações necessárias.

Câmara também investiga contrato e apuração de supostos indícios de corrupção e favorecimento

A Câmara de Vereadores, através da Portaria 050/2023, instaurou a Comissão Especial Temporária para Auxiliar na fiscalização do processo de emergência em Saúde pública decretada pela prefeitura. Segundo o presidente da Casa, Samir Ali, existe a necessidade de mais transparência por parte da Prefeitura e da Santa Casa. “Existe uma falha nesse processo por não estar tendo participação da Câmara de Vereadores e pensando nisso a Câmara criou uma comissão de servidores para que nós possamos acompanhar de perto esse processo. É preciso responsabilidade da empresa e da Secretaria Municipal de Saúde para que não faça acusações levianas e para que tenha cuidado com as palavras, com os ataques ou com as acusações”, destacou Samir.
Outro vereador, Ronildo Macedo, ex-prefeito interino, elogiou a  decisão. “Espero que essa comissão, presidente, funcione o mais rápido possível e a gente procure e comece a buscar mais informações sobre a empresa, se ela tem 100 anos mesmo. Eu vi um vereador falando que ela tem 100 anos, mas parece que tem dois ou três, então a gente tem que procurar saber”, explicou.

Vencedores serão conhecidos na segunda-feira e Prefeito adianta o resultado e preferência

Apenas duas entidades participaram do chamamento público da Prefeitura de Vilhena para administrar o Hospital Regional, a UPA 24hs e o Instituto do RIM. O IBRAPP e a Santa Casa de Misericórdia Chavantes. Nesta segunda-feira, a responsável pela comissão, Érica Pardo Dala Riva, anunciará o vencedor. Por enquanto, o IBRAPP vence pelo preço, ofertando 2 milhões de reais a menor que a Chavantes. Mas existem ainda os critérios técnicos e o livre julgamento de servidores que estão sob a tutela do prefeito-delegado Flori. O anúncio será feito às 9 horas no auditório da Secretaria Municipal de Educação.

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