Racismo no Brasil: Uma realidade que precisa ser enfrentada

O racismo no Brasil é uma herança cruel da escravidão que ainda se manifesta de forma estrutural em nossa sociedade. Embora a lei considere crime a discriminação racial, a realidade mostra que pessoas negras continuam enfrentando barreiras invisíveis no acesso a oportunidades de trabalho, educação e justiça.

O racismo estrutural se expressa quando vemos que a população negra representa 75% das vítimas de homicídio no país, ocupa apenas 5% dos cargos de liderança nas grandes empresas e tem menor acesso ao ensino superior de qualidade.

No dia a dia, o racismo se revela em situações aparentemente "pequenas", mas que causam feridas profundas. É a pessoa negra que é seguida por seguranças em lojas, que tem seu currículo descartado por causa do nome ou da foto, que ouve comentários sobre seu cabelo natural ser "ruim" ou "descuidado". É também a criança negra que cresce sem se ver representada positivamente na mídia, nos livros didáticos ou nos brinquedos. Essas micro-agressões cotidianas reforçam um sistema que coloca pessoas negras em posição de inferioridade.

A luta antirracista exige ações concretas tanto do poder público quanto da sociedade civil. As políticas decotas raciais nas universidades e concursos públicos são exemplos importantes de medidas reparatórias que começaram a mudar o cenário educacional brasileiro. Empresas têm adotado programas de diversidade e inclusão, criando metas para contratar mais pessoas negras em cargos de liderança. Na educação, a implementação da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira, é fundamental para formar cidadãos conscientes.

Combater o racismo é responsabilidade de todos nós. Isso significa não apenas não ser racista, mas ser antirracista: denunciar quando presenciamos discriminação, apoiar negócios de pessoas negras, questionar piadas e comentários preconceituosos, e apoiar políticas públicas que promovam a igualdade racial. A construção de um Brasil verdadeiramente democrático passa necessariamente pela superação do racismo, garantindo que pessoas negras tenham as mesmas oportunidades e direitos que qualquer outro cidadão brasileiro.

* Flávia Albaine Farias da Costa. Defensora Pública do Estado de RO. Mestra em Direitos Humanos. Especialista nos Direitos das Pessoas com Deficiência. Integrante da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência da ANADEP.

Instagram: @flaviaalbaine