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Cidade acolhedora: o Brasil se encontra em Porto Velho, diz historiador

Sábado, 02 Outubro de 2021 - 10:07 | da Redação


Cidade acolhedora: o Brasil se encontra em Porto Velho, diz historiador

“Uma cidade acolhedora, receptiva, de um caldeirão de cultura, de identidade, um mosaico verdadeiro de valores identitários, de várias regiões do Brasil”, é assim que o guia de turismo, professor e historiador Aleks Palitot descreve Porto Velho. Neste sábado (2), a capital rondoniense completa 107 anos de criação.

Em entrevista ao RONDONIAGORA ele fez uma volta ao passado, relembrando fatos históricos, personalidades da cidade e momentos importantes que marcaram o desenvolvimento de Porto Velho.

Segundo Palitot, a capital surge na história como uma das cidades mais modernas do Brasil, quando em 1907 vira um canteiro de obras da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM). “Os americanos trouxeram aquilo que era de mais moderno para Porto Velho. Além de um complexo hospitalar de primeiro mundo, havia água tratada, energia elétrica, iluminação e telefone. Era uma cidade sobre trilhos, tinha cinemas, restaurante, indústrias, lavanderia industrial, ou seja, era moderna para os padrões da Amazônia”, diz.

Cidade acolhedora: o Brasil se encontra em Porto Velho, diz historiador
Fotos: Acervo Aleks Palitot

Com o passar dos tempos, consequentemente, muita gente sente falta da Porto Velho provinciana, da década de 80, início da década de 90, ainda uma cidade onde alguns costumes eram mantidos. “Pessoas tinham a tranquilidade de sentar na beira da calçada com os vizinhos para conversar, ainda havia a particularidade de trocar informações e boas prosas com as pessoas. Hoje percebemos a limitação disso, nos tempos atuais”, afirma.

Porto Velho, como diz o próprio hino, é uma cidade que surge do calor das oficinas, do Parque da Madeira Mamoré, pela forgia dos bravos pioneiros imbuídos de coragem e fé, segundo Aleks Palitot. “É uma cidade que surgiu a partir de um empreendimento internacional para se transportar borracha de um país para o mundo, passando pelo Brasil, vindo da Bolívia. E às margens dessas duas paralelas, desses dois trilhos, das barrancas do rio Madeira, surge a nossa cidade tão incrível e maravilhosa”, diz.

Cidade acolhedora: o Brasil se encontra em Porto Velho, diz historiador

Para Palitot, a importância e o legado da capital, é que a cidade proporcionou um alento para muitas pessoas, de vários lugares. “Eu costumo dizer, que se o mundo se encontra em São Paulo, o Brasil se encontra em Porto Velho, porque sempre foi uma cidade acolhedora, receptiva e de um caldeirão de cultura, de identidade, um mosaico verdadeiro, de valores identitários de várias regiões do Brasil”, disse.

Na história de Porto Velho existem vários fatos marcantes. “Mas sem sombra de dúvida, foi no dia 1 de agosto de 1912, quando inaugurou oficialmente a EFMM, saindo do K1 ao KM 366, em Guajará-Mirim. A capital inicia aí sua trajetória, tanto que dois anos depois tem a criação do município. Dada a importância que essa região vai ter por conta da ferrovia, que infelizmente acabou, sua economia não existe mais, e Porto Velho persiste quanto ao seu legado”, destaca Aleks Politot.

Cidade acolhedora: o Brasil se encontra em Porto Velho, diz historiador

Pontos turísticos

Sobre o surgimento dos principais pontos turísticos da capital rondoniense, o historiador conta que surgem da própria história de Porto Velho. “A EFMM, que era empreendimento comercial econômico, virou ponto turístico, as Três Caixas D’Água, que eram para levar saneamento com água tratada, o Mercado Municipal, que virou Mercado Cultural. Então, a gente sabe que essas edificações, espaços que foram oriundos da economia, da borracha, acabaram transformando essa relação de pertencimento da identidade, onde não apenas as pessoas se encontram, mas a história delas nos seus antepassados”, entafizou Aleks Palitot.

Pontos turísticos que fazem parte da história de Porto Velho e que jamais podem ser esquecidos: Praça Marechal Rondon, Praça Jônatas Pedrosa, Praça das Três Caixas D’Água, Praça Aluízio Ferreira e Praça Presidente Vargas. “Um ponto de encontro da capital provinciana na década de 30 e 40”, disse Aleks Palitot, relembrando o tempo em que existiam poucas opções na nossa cidade.

O Cine Brasil, onde era muito frequentado pela população, Cine Lacerda, Café Santos, Mercado Municipal, escadaria do Hotel Porto Velho, onde fica localizada a Unir Centro atualmente, onde existia uma sorveteria e um café.

Cidade acolhedora: o Brasil se encontra em Porto Velho, diz historiador

As personalidades da nossa cidade, também são lembradas por Aleks Palitot, na comemoração dos 107 anos de Porto Velho. “O Sr João do Barril, a dona Chiquinha do tacacá, o Beleza, que tocava o sino da catedral. Personagens que talvez não tenham sido protagonistas da história da nossa cidade como Percival Farquhar, Joaquin Tanajura, Major Guapindaia, e tantos outros como o “Bola 7, o Eliezer Santos, personagem folclórica importante da nossa cidade”, disse.

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Pandemia

O que ninguém esperava, é que uma pandemia da Covid-19 fosse fazer parte da história de Porto Velho e do mundo inteiro. “Nossa cidade sofreu muito com a pandemia, não foi diferente de nenhuma outra. Mas eu acho que a gente trás em nosso sangue, esse sentimento de superação, de encarar desafios. Acho que a essência dos destemidos pioneiros vem disso. Nós estamos na selva amazônica, quem veio pra cá superou a ocupação desse espaço para construir a EFMM, para exportar borracha. Então, eu acho que esses elementos de superação, enquanto muitos desistiam e outros continuavam porque acreditavam na missão, eu acho que essa essência permanece pra nós para superar o pós-pandemia”.

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Bispo, Anisio Gorayeb, Francisco Matias, Orlandino Gurgel e Mikael Esber

Grandes personalidades, pioneiros, que fizeram parte da nossa história, perderam suas vidas na pandemia como Anísio Gorayeb, Francisco Matias, Orlandino Gurgel do Amaral, Mikael Esber, José Bispo que era ferroviário, Sr Manoel Soares, condutor da locomotiva 18. “A pandemia levou a vida de muitos personagens importantes que ajudaram construir nossa história. A maior responsabilidade que a gente tem é manter a esperança e forma aguerrida que sempre teve na amazônica, de sempre encarar os problemas. Espero que nossa cidade consiga passar por mais essa situação adversa, mas que ela sempre foi acostumada a enfrentar ao logo da sua história e eu tenho certeza que vamos superar”, finalizou Aleks Palitot.

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