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“Como pode jogar o filho fora?”, diz mãe catadora que encontrou bebê morto no lixão; vídeo

Domingo, 14 Maio de 2017 - 10:55 | da Redação


“Como pode jogar o filho fora?”, diz mãe catadora que encontrou bebê morto no lixão; vídeo
Maria Agusta (Foto: Uil Cavalcante/Rondoniagora)

Calça, boné, camisa longa para se proteger do sol, um saco e uma garrafa pet com água. Esse é o equipamento de proteção individual usado por Maria Augusta Miranda Gomes, de 70 anos, mãe de 12 filhos, para trabalhar, há mais de 20 anos, no lixão de Porto Velho, localizado na Vila Princesa. Com olhar cansado, a idosa atualmente apenas observa as amigas indo para o trabalho antes do sol nascer e espera retornarem quando já é noite.



“Antes de eu chegar aqui, morava de aluguel na casa de um ex-patrão meu, mas ai ele começou a fazer coisas erradas e eu decidi ir embora. Como eu não tinha para onde ir, eu comprei esse terreno por R$ 50,00, e hoje graças a Deus consegui construir minha casa com dinheiro do lixão”, relembra.

Maria Augusta é mãe de 12 filhos, mas mora com o neto em uma casa de madeira com apenas um cômodo na Vila Princesa. Entre uma pausa e outra em sua história, a catadora de lixo lembra como iniciou nesta função.

“Antes de eu chegar aqui, morava de aluguel na casa de um ex-patrão meu, mas ai ele começou a fazer coisas erradas e eu decidi ir embora. Como eu não tinha para onde ir, eu comprei esse terreno por R$ 50,00, e hoje graças a Deus consegui construir minha casa com dinheiro do lixão”, relembra.

Ao ser questionada se já sofreu algum tipo de preconceito por trabalhar no lixão, ela recorda de uma jovem que mandou ela se retirar de um ônibus coletivo. "Eu tinha acabado de sair do meu trabalho e não tinha nada pra comer em casa e não deu tempo de ir tomar um banho para poder ir ao mercado, pois já estava tarde. Entrei no ônibus, onde tinha vários estudantes de universidade e quando uma passageira me viu toda suja e com roupa de trabalho ela me mandou descer e ir pra casa tomar um banho, isso me doeu muito e nunca vou esquecer”, diz emocionada e com um certo ar de mágoa.

Após o acidente doméstico, Maria Augusta conseguiu uma aposentadoria e hoje é como se mantém. Enquanto trabalhava, chegou a passar mais de 8 horas direto no local. “Eu passo todo esse tempo catando cobre, alumínio e garrafa pet para um homem que vem buscar os sacos que consigo juntar. Com esse dinheirinho, que consigo aqui é que eu completo minha renda que é muito pouca e às vezes chega a faltar porque os alimentos aqui são muito caro”, lamenta Maria. Até para ter água para beber, a catadora precisa pagar R$ 10,00 por mês para um caminhão pipa.

Neste domingo, em que se comemora o Dia das Mães, Maria não fala muito dos filhos, mas ela recorda-se bem do dia em que seu instinto materno falou mais alto. Ela encontrou um bebê recém-nascido dentro de um saco no meio lixo e os amigos de trabalho a mandaram jogar para os urubus.

“Nunca vou esquecer o dia que eu encontrei aquele bebê lindo dentro de um saco plástico. Uma amiga minha viu, jogou um saco pra mim dizendo que era um cachorro e eu achei estranho por não parecer que era um animal e resolvi abrir. Quando rasguei o saco, a cabeça dele saiu e ele não tinha mais vida. Os trabalhadores que ali estavam me mandaram jogar para os urubus comerem, mas como sou mãe, coloquei dentro de uma caixa com um lençol e acionei a polícia”, diz emocionada falando que a mulher que fez isso poderia ter tido uma outra atitude. “Ela não é mãe. Como pode jogar o filho fora? Poderia ter dado pra qualquer mulher ali do lixão. Eu mesma criaria a criança”.

E para este Dia das Mães, Maria diz gostaria apenas de saúde. “Eu peço sempre para Deus me dar muita saúde para poder voltar a enfrentar as lutas da vida e voltar a trabalhar no lixão”, pede.

Para amenizar um pouco as dificuldades que passa, o Rondoniagora e o Supermercado Araújo doaram uma cesta básica para Maria Augusta neste Dia das Mães. Um gesto simbólico, mas que ajudará nas principais necessidades diárias.

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