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Demissões podem gerar impacto na população, alertam conselhos de saúde

Quarta-feira, 22 Setembro de 2021 - 16:29 | da Redação


Demissões podem gerar impacto na população, alertam conselhos de saúde

A demissão dos três mil profissionais de saúde que foram contratados de forma emergencial pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) para atuar na linha de frente contra a Covid-19 em Rondônia, pode reduzir o número de leitos nas unidades de saúde estadual e impactar na saúde da população, segundo alerta feito pelo Conselho Regional de Medicina (Cremero), Conselho Regional Enfermagem (Coren) e Conselho Regional de Fisioterapia, durante coletiva realizada nesta quarta-feira (22).

Na última sexta-feira (17), os conselhos realizaram uma fiscalização nas unidades de saúde do estado para saber se o atendimento realmente foi prejudicado com as demissões, se as unidades terão a capacidade de oferecer atendimento adequado à população e se as cirurgias eletivas irão acontecer com a mão de obras em defasagem.

Segundo o presidente do Cremero, Robinson Machado, antes mesmo da pandemia, as unidades de saúde do estado já apresentavam problemas por falta de profissionais de saúde. “O normal já não existia antes da pandemia, porque nós já tínhamos deficiência de profissionais em todas as áreas e em todos os setores de saúde. Já havia uma necessidade de contratações muito antes”, disse Robinson Machado.

Quando a pandemia chegou, segundo o Cremero, a situação dos hospitais só se agravou de forma intensa. “Os profissionais que atenderam pacientes com o coronavírus, fizeram um trabalho maravilhoso. Nesse momento, percebemos que as demissões que já eram algo de se esperar, não aconteceram de forma pensada, na situação que os hospitais ficariam sem esses profissionais. Não foi apresentado nenhum plano de contingência por parte da Sesau, mostrando suas reais necessidades e referente à substituição dos profissionais que foram demitidos e os que serão”, esclareceu o presidente.

Por conta dessas demissões, vários setores estão sendo fechados, e a situação dos hospitais está se tornando cada vez pior, segundo o Cremero. “Com essas demissões, com a falta de enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, médicos, clínicas que funcionam normalmente na unidade vão acabar fechando por falta de profissionais”, destacou o Robinson Machado, com informações apuradas durante a fiscalização.

Mais de 700 já foram desligados

Dos três mil servidores contratados emergencialmente, 720 já foram dispensados. Com a demissão futura dos demais profissionais, que deve acontecer no próximo mês, pode haver o fechamento completo da clínica médica de cardiologia e nefrologia do Hospital de Base, com 24 leitos, da clínica cirúrgica com 34 leitos, que atende gestante com covid, cirurgia plástica, cirurgia vascular, e fechamento de leitos de cirurgias eletivas, com mais 34 leitos, totalizando 58 leitos fechados, segundo apurou o Cremero.

Ainda por conta das demissões, conforme informado pelo presidente Robinson Machado, pode haver o fechamento da UTI adulto do Hospital de Base, com nove leitos, impactando diretamente nas cirurgias cardíacas, neurológicas, e das demais especialidades que necessitam de UTI no pós-cirúrgico imediato. “Os servidores estatutários de enfermagem remanescentes serão remanejados para a UTI 1, e os médicos para a escala de plantão interno, que é composta atualmente em sua maioria, por médicos emergenciais que serão desligados no início do mês de outubro”, alertou.
Haverá ainda, no Hospital de Base, segundo Cremero, a restrição no horário de internação de pacientes provenientes de outras unidades, apenas ao período diurno por causa da diminuição do efetivo de servidores no período noturno, além da diminuição na oferta de exames de imagem e laboratoriais.

O Cremero aleta ainda, que haverá diminuição da capacidade total de cirurgias realizadas no HB, também por conta da diminuição do efetivo de enfermeiros e técnicos de enfermagem no setor, já que pelo efetivo remanescente não há possibilidade de haver o número adequado de técnicos de enfermagem por cada cirurgia.

Outro problema que pode acontecer com as demissões, é a extinção da escala de transporte médicos, e de enfermagem, impactando diretamente no tempo de internação do paciente pela demora em ser realizar exames externos como ressonância magnética, cintilografia e entre outros.

Foi destacado ainda pelo Cremero, uma possível piora na qualidade de atendimento do Centro Obstétrico, e suas retaguardas de recém-nascidos, que são a UTI neonatal, UCI neonatal e alojamento conjunto, já que não é possível diminuir sua capacidade de atendimento, colocando em risco tanto as gestantes, puérperas e os recém-nascidos.

Ainda sobre a fiscalização feita no Hospital de Base, o chefe de fiscalização do Coren, Juan Irineu, disse que havia 31 pacientes na unidade, os quais 10 eram pacientes de alta dependência. “Havia apenas dois técnicos de enfermagem para cuidar desses pacientes, e foram priorizados somente esses dez, por causa da falta de profissionais. São cuidados que não estão sendo realizados a todos os pacientes por causa da falta de técnicos suficiente nos plantões”, denunciou.

O chefe de fiscalização do Coren disse ainda, que a parte de acompanhamento, agendamento para a realização de exames não foi realizado por causa da falta de condições. “Antes mesmo da pandemia, os conselhos já sabiam dessas fragilidades, e inclusive já havíamos comunicado a Sesau referente aos problemas nas unidades de saúde”, disse Juan Irineu.

O problema além segundo o vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia. “Foi verificado pelos conselhos, durante uma fiscalização realizada na última semana, que no Hospital Infantil Cosme e Damião, não havia nenhum profissional fisioterapeuta, para dar assistência a unidade de terapia intensiva, unidade de cuidados intensivos, setor de emergência e demais setores”, disse Rodrigo Campos.

No hospital de base, foi verificado que na UTI 2 não havia profissional fisioterapeuta, na UTI 1, tinha apenas um, segundo Rodrigo Campos.

Os conselhos informaram ainda, que estão encaminhando todos os relatórios das fiscalizações realizadas para os órgãos de controle, principalmente ao Ministério Público. A Sesau também recebeu o relatório da fiscalização. “Queremos que a assistência aos pacientes continue o mais equilibrado possível”, finalizou Robinson Machado.

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