Pimentel e a prefeitura: o inimigo mora ao lado

Por Austregésilo Bandeira

Nao é novidade pra ninguém, especialmente do meio político, que o secretário de Estado da Saúde, Williames Pimentel, sonha e articula para ser o candidato do PMDB à prefeitura de Porto Velho.

A candidatura de Pimentel, no entanto, tem que vencer várias barreiras - dentro e fora do governo - para se consolidar como alternativa viável ao atual e desgastado prefeito Mauro Nazif.

Nos últimos dias Pimentel obteve algumas conquistas importantes no tabuleiro de xadrez da política rondoniense.

Em contato com os deputados da bancada federal peemedebista - Lúcio Mosquini, Marinha Raupp e Lindomar Garçon - o comandante da Sesau obteve deles o compromisso de apoio à sua candidatura.

O senador Valdir Raupp, expoente nacional do PMDB, tem afirmado à boca miúda em suas andanças pelo estado que Pimentel é a melhor opçao do partido para a prefeitura da capital.

Mas o mais expressivo apoio Pimentel recebeu do governador Confúcio Moura. Líder máximo do PMDB em Rondônia, Confúcio nao pode se posicionar publicamente sobre o assunto. Os motivos sao óbvios: Confúcio foi reeleito por uma aliança política cujos partidos têm interesse nas eleições municipais de Porto Velho. Ademais, um chefe de Estado nao pode ficar dando pitacos em questões eleitorais e partidárias, especialmente as mais polêmicos.

O fato é que Confúcio está fechado com Pimentel e já está trabalhando, nos bastidores, para que o PMDB tenha candidato próprio à prefeitura de Porto Velho.

No entanto, nao basta a Pimentel angariar apoio politico às suas pretensões. Sao raríssimos os exemplos na política brasileira de "postes" (candidatos sem expressao política ou brilho pessoal) eleitos apenas pelo peso dos padrinhos políticos.

Pleitear qualquer cargo público pressupõe liderança em um determinado segmento social, trabalho comprovado ou um legado.

O principal trunfo de Pimentel, aquele que pode lhe carrear os votos necessários à sua vitória, é sua atuaçao como secretário de saúde.

Embora a área seja delicada - saúde é fonte de desgaste até para os gestores mais populares - é preciso muita má vontade para nao reconhecer os avanços desde que Pimentel assumiu a Sesau após uma sucessao de secretários pífios.

Nao cabe entrar numa análise técnica de sua atuaçao, mas os escândalos que pipocavam diariamente na imprensa - superlotaçao de hospitais, mau atendimento e falta de profissionais - sumiram do noticiário. Alguns usuários do sistema público relatam que atualmente o atendimento é muitas vezes melhor que o dos planos de saúde.

Mas nem tudo sao flores e a caminhada de Pimentel tem muitos espinhos pela frente. Um deles atende pelo nome de Daniel Pereira. O onipresente vice-governador trabalha nos bastidores contra sua candidatura. Pereira é um dos artífices do PSB, aliado fiel do atual prefeito e tem dedicado boa parte de sua pesada agenda a articular o apoio do PMDB à reeleiçao de Nazif.

A articulaçao de Daniel Pereira é, inclusive, de âmbito estadual, pois ele tem usado as aeronaves do governo para percorrer freneticamente todo o estado.

Outro problema que Pimentel pode enfrentar é uma improvável crise na saúde nos próximos meses. Mas os riscos de um problema de gestao é infinitamente menor do que ter um inimigo dentro de casa.

Passado o carnaval, o ano finalmente vai decolar.

Agora é hora de acompanhar os próximos movimentos e ver, como diz um ditado mineiro, quem tem garrafa vazia pra vender.

* O autor é estudante de Jornalismo.