Rondônia, 24 de abril de 2024
Jornal Rondoniagora
Siga o Rondoniagora

Geral

Profissional Gari, seu dia 16 de maio – Por Ruzel Costa

Quinta-feira, 16 Maio de 2013 - 10:15 | Ruzel Costa


Data em que ainda  não há uma legislação federal, mas é lembrada em centenas de municípios brasileiros. Existem na Câmara Federal  projetos para oficializar o 16 de maio como o dia Nacional do Gari. A aprovação de um desses projetos seria uma justa homenagem aos milhares de  trabalhadores que apesar serem tão comuns nas áreas urbanas, passam muitas vezes despercebidos, sofrem preconceitos, indiferenças  e até humilhações, apesar de tão necessários.



Origem da palavra

A palavra Gari começou a ser utilizada para denominar os homens que atuavam na coleta de lixo, ainda na época do Brasil Império, fazendo referência  a Pedro Aleixo Gary, um empresário francês, contratado pela Corte Brasileira para organizar o serviço de limpeza   na cidade do Rio de Janeiro em 1876. Com o tempo, os funcionários que trabalhavam para Pedro Aleixo ficaram conhecidos como a “turma do Gari” ou simplesmente, Garis.

O Dia do Gari

Assim, foi instituído, através da Lei 212, de 31/10/1962 e  sancionada pelo então Governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, o Dia do Gari, cuja primeira comemoração ocorreu em 16 de maio de 1963. A decisão visava prestar reconhecimento à árdua, perigosa e difícil missão daqueles que integram o Departamento de Limpeza Urbana. A partir de então muitos municípios ou estados aprovaram leis criando a merecida Data.

ONU alerta para quantidade de lixo urbano produzido no mundo

A Organização das Nações Unidas lançou em 6 de novembro de 2012, um alerta sobre a quantidade do lixo produzido pelas cidades em todo o mundo. De acordo como o Programa da ONU para o Meio Ambiente, os governos devem tomar medidas urgentes para evitar o que chamou de uma ameaça de "crise global de resíduos", um problema que traria consequências não só para o meio ambiente, mas também para a saúde humana. Todos os anos as cidades geram 1,3 bilhão de toneladas de resíduos sólidos. A situação é mais grave nos países de baixa renda, onde, muitas vezes, o volume de coleta do lixo não alcança sequer a metade da quantidade produzida

Dados sobre o lixo produzido no Brasil

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil produz, em média, cerca de 90 milhões de toneladas de lixo por ano, cerca de 250 mil toneladas por dia. Cada brasileiro gera, aproximadamente, 500 gramas de lixo por dia, podendo chegar a mais de 1 kg, dependendo do local em que mora e do poder aquisitivo.

Segundo a Prefeitura Municipal da capital Porto Velho – Empresa Marquise  são recolhidos  cerca de 350 toneladas de lixo diariamente, uma média de 9 mil toneladas por mês ou 115 mil ao ano.

Regiane Santos e José Dílson ela com 14 anos de profissão e ele com 13,  se conheceram na lida do dia a dia. O casal tem um filho que hoje tem 14 anos. Regiane e José  apresentam suas vassouras nas ruas da cidade  de Porto Velho, em uma via com grande movimento, chegando a colocar em risco os profissionais da limpeza pública.  Ambos concluíram o ensino médio, gostam da profissão e não reclamam dos salários, acham até razoável comparando com outras ocupações. Para o casal a profissão é importante, pois tentam manter a cidade limpa, mas reclamam muitas vezes da falta de educação e colaboração da população na hora de jogar o lixo, como também a falta de lixeiras. Para Regiane a sociedade ainda discrimina a categoria, principalmente quando estão uniformizados, conclama ela “... que parasse de olhar o gari como o próprio lixo... se sairmos com uma roupa diferente ninguém perceberia que trabalhamos como garis, somos iguais a todos sem diferenças, finaliza”. Sebastião Jorge e Eliene Viana que trabalham no mesmo trecho, sempre educaram seus filhos que lixo se joga no lixo  (educação ambiental)  e pedem a sociedade mais respeito, educação e valorização ao importante trabalho.

“SONHO” - Catadora de recicláveis cria biblioteca com obras encontradas no lixo no interior de SP – Folha de São Paulo Quarta-Feira, 14 de Novembro de 2012

A catadora de recicláveis Cleuza Aparecida Branco de Oliveira, 47, sempre cultivou o sonho de ter uma biblioteca em sua casa, em Mirassol no estado de  São Paulo. Apaixonada por leitura, queria poder emprestar livros a pessoas sem condições de comprá-los.

De tanto ver obras jogadas no lixo de escritores como Machado de Assis, José Saramago e Érico Veríssimo, Cleuza, então semianalfabeta, passou a lê-las e pôde, neste ano, realizar seu sonho.

Foi guardando livros e inaugurou a biblioteca não em casa, mas na associação de catadores, da qual participa localizada no centro de triagem do lixo. O acervo já conta com 300 títulos. Criado e administrado por 11 catadores, o espaço tem um canto de leitura, uma brinquedoteca, uma área para discos, brechó e, claro, os livros. A biblioteca não cobra pelo empréstimo das obras, mas quem quiser comprá-las -há títulos repetidos-, paga R$ 0,50 por livro. A renda vai para a própria associação. O local também faz trocas.
"Não tem burocracia e não precisa preencher nada. Alguns levam para casa e outros optam por ler no próprio barracão", afirmou o biólogo Luiz Fernando Cireia,, incentivador e usuário do projeto. Empresas de Mirassol também têm feito doações, que vão possibilitar, inclusive, a ampliação da área, de acordo com Cleuza. Com salário de R$ 500 mensais, os catadores terão um pequeno acréscimo de renda, ainda não calculado, graças à venda de alguns títulos.

Mas Cleuza garante que o objetivo não é financeiro, é dar aos colegas a oportunidade de ler esses livros.

A pequena Isabel Carvalho de 07 anos, estudante do 2° ano do Ensino Fundamental, mora na cidade de Manaus escreveu: “O gari é aquela pessoa que limpa as ruas, ele deixa a natureza limpa. O trabalho do gari é importante porque sem ele, ninguém ia limpar as ruas e tudo seria só lixo. É importante homenagear o gari, pois, é como se ele limpasse o mundo.”

O que pensa a estudante da 2° Série do Ensino Médio Isabella Junqueira:
“Você já imaginou uma cidade sem garis? Dificilmente seria limpa. Esses profissionais exercem uma função muito importante no nosso cotidiano e mesmo assim são pouco valorizados. Hoje em dia ainda há muito preconceito da sociedade com essa classe de trabalhadores. Mas o que seria a sociedade sem eles?

Os garis fazem um papel essencial de limpeza das cidades, entretanto, nem sempre são valorizados e sofrem muitos preconceitos. A maioria desses trabalhadores fez concurso público para exercer essa função e ter um salário melhor, por isso, não é qualquer pessoa sem instruções que pode assumir essa importante tarefa.

Em alguns estados brasileiros os garis são mais valorizados quem em outros, é o caso do Paraná. Em Curitiba o salário de um coletor de lixo é aproximadamente R$2000,00. Em Porto Velho não é diferente, aqui, o varredor concursado, ganha por volta de R$1900,00 e os funcionários da Marquise, empresa contratada pela Prefeitura para terceirizar o serviço, recebem aproximadamente R$1000,00 para coletar o lixo das ruas.
Sempre quando uma greve dos garis é anunciada, a sociedade lembra-se da importância deles e os órgãos competentes, geralmente, entram em um acordo para não virar uma situação caótica. As greves são para pedir melhores salários, melhores condições de trabalho, menor carga horária e que às vezes são atendidos.

Uma cidade não é feliz sem garis, por isso, temos que valorizar mais esses profissionais que sempre estão presentes e que muitas vezes não são percebidos ou até mesmo são ignorados. Dia 16 de maio é dia do gari, se você é uma dessas pessoas que têm preconceito, pense como seria sua vida sem eles e então valorize mais esses trabalhadores que lutam para limpar o chão que todos nós pisamos.”

Para o Acadêmico do Curso de Pedagogia Elias Francisco Soares:
“Em uma sociedade onde tudo evolui muito rápido, onde quase todas as coisas tem se tornado cada vez mais descartáveis, é inevitável a produção constante e diária de uma grande quantidade de lixo. Todos os seres vivos produzem algum tipo de lixo, e o que fazer com tanto lixo produzido diariamente.

É nesse cenário que surge a figura do GARI, profissional da limpeza que com o seu trabalho contribui para que o lixo produzido em empresas públicas e privadas, nos lares e no comércio encontre seu devido destino.

A nomenclatura GARI, diz o dicionário Aurélio é um sinônimo masculino e que significa “Empregado da limpeza pública que varre as ruas; lixeiro”.

A seguir destaco alguns pontos que mostram de maneira relevante a importância desse profissional para nossa sociedade, o qual tem se tornado em muitas ocasiões alvo de “piadinhas” e “chacotas” por parte daqueles que estão de fora do seu rol de convivência e que se quer reconhece quão importante é a presença desse profissional em uma sociedade em constante mudança.

Lixo domiciliar – Como seria nossa vida se o “lixeiro” não recolhesse o lixo produzido em nossas casas? O acúmulo desse lixo poderia contribuir com o surgimento e proliferação de diversos tipos de insetos que transmitem doenças aos seres humanos;

Praças – Nossas praças estão sempre superlotadas por pessoas em busca de diversão ou um simples passeio, porém ao passar por ali, elas deixam sua marca, contudo, não é uma marca digna de ser lembrada, porque está sempre relacionado ao seu comportamento ante o uso do bem público.

Acúmulo de sujeira – Quando o lixo não é recolhido, temos o acúmulo de sujeira gerado por agentes de decomposição, que podem causar diversos danos a sociedade.

Higiene – O cuidado e o devido respeito com o ambiente no qual vivemos, promove saúde e bem-estar para toda a sociedade, e quem é o maior agente promotor desse bem-estar senão o profissional da limpeza, por isso no dia dedicado à eles, não apenas nos lembramos dessa classe, mas, parabenizamos e agradecemos.

A profissão –
Tão digna e importante quanto qualquer uma outra. Exemplo: Saúde faz greve, educação faz greve, segurança faz greve, mas se a categoria dos GARIS fazer greve, a cidade se torna um verdadeiro “lixão”, observe que a greve das outras categorias não causa tanto impacto quanto a greve dos garis.

Reconhecimento – Como sociedade não temos apenas que nos reportar a essa categoria apenas como catadores de lixo, mas como profissionais que trabalham para o bem-estar e um ambiente limpo com condições de perpetuar a longevidade de vida dos seres vivos.”   

Professor Ruzel Costa leciona na Faculdade Faro, Colégio Objetivo, Escola de Ensino Fundamental e Médio Madeira-Mamoré  e Colégio Interação, em Porto Velho-RO

Rondoniagora.com

SIGA-NOS NO Rondoniagora.com no Google News

Veja Também