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Vereador Bengala descobre armação e vota contra orientação do partido

Domingo, 17 Novembro de 2013 - 10:35 | RONDONIAGORA


Vereador Bengala descobre armação e vota contra orientação do partido

SEGUNDO O VEREADOR, TUDO NÃO PASSOU DE UMA ARMAÇÃO PARA GARANTIR SUPLENTES



Além do relatório fraco, sem provas contundentes, baseado apenas em ligações telefônicas, o vereador Jurandir Bengala (PT) descobriu uma grande armação por trás daquela cortina de moralização da Câmara de Porto Velho. “Tenho uma gravação com uma conversa muito grave de um membro da comissão processante, que foi no meu reduto eleitoral, dizendo que tudo estava armado para cassar um vereador titular e trazer para a Câmara um suplente”, disse ele. Bengala não entrou em detalhes sobre nomes, mas garantiu que “toda a imprensa terá acesso á fita”.

Jurandir não pareceu preocupado com uma possível expulsão do PT, por descumprimento da determinação emitida pela direção do partido. “Não posso fazer nada se me expulsarem.  Estou tranquilo. A verdade é que se os cinco acusados fossem julgados pela cassação eu teria votado pela cassação. Se houve quebra de decoro dos cinco, nada justifica de dois sejam aliviados”, afirmou.  A direção do PT ainda não se pronunciou sobre as medidas que serão tomadas contra o parlamentar.

Torcidas organizadas


Na sessão de julgamento, o vereador-relator Leo Moraes foi o último a chegar à sessão. Veio acompanhado de um segurança e a recepção foi barulhenta. O vereador recebeu sonoras vaias de uma plateia composta, em 80%, por partidários e demais apoiadores dos três políticos cujos mandatos estavam ameaçados. Cabo Anjos e Pastor Delson eram os de maior seguidores. Mulheres eram a maioria. Algumas ensaiavam desmaios. Outras gritavam passagens bíblicas e empunhavam cartazes invocando a presença de Deus para salvar seus padrinhos políticos. Nada novo foi apresentado no relatório. As supostas provas (maioria gravações telefônicas sem nexo), relatadas numa leitura cansativa e enfadonha que durou 3 horas e meia, eram tratadas como “perseguição” e “mentiras”, enquanto um grupo menor, composto por estudantes, tentava reagir com gritos de ordem, pedindo a cassação e a limpeza do parlamento.

Câmara privilegia cabos eleitorais nas galerias

Houve tumultos sequenciados, luta corporal sem maiores proporções graças à intervenção de um batalhão de policiais que guarneceu os quatro cantos da Câmara do início ao fim da sessão. Um líder estudantil tentou pular a divisória de vidro que dá acesso ao plenário ao ser anunciada a absolvição de Jair Montes. Ele foi imobilizado, detido e levado a uma sala reservada, mas não foi preso a pedido da mesa-diretora.

A presença maciça de cabos eleitorais de Jair Montes, Pastor Delson e Cabo Anjo nas galerias  gerou suspeitas entre os jornalistas de que a Câmara privilegiou os réus com torcidas organizadas, que foram credenciadas rapidamente, ocuparam os 80 assentos disponíveis e de lá não saíram sequer para ir ao banheiro. Seguranças foram colocados de prontidão permanente à porta das galerias, impedindo saída e entrada de populares. Uma multidão superlotou a recepção da câmara, onde uma TV transmitia, ao vivo, tudo que acontecia dentro do plenário. Um dia antes, populares já previam o resultado do julgamento e arremessaram rolos de papel higiênico nos jardins da Câmara.

Prova contra Jair Montes é duvidosa

O vereador Leo Moraes (PTB), herdeiro politico do casal Sandra Moraes (sem partido) e Paulo Moraes (sem partido), dois líderes políticos do passado, mas enterrados politicamente graças a Lei da Ficha Limpa, pretende seguir a carreira na vida pública como deputado estadual. Ele entendeu que a visibilidade do relatório da comissão processante seria uma excelente vitrine para seus planos políticos e passou a atacar colegas que não comungavam do seu pensamento. Um exemplo foi o bate boca com o vereador Edmilson Lemos (PSDB) sobre o voto aberto. O tucano nunca foi contra o projeto, mas entendia haver necessidade de melhorias no texto. Mas Leo Moraes chamou para si a atenção da mídia ao protagonizar quase uma luta corporal com o vereador. Seu pai foi mais além. Paulo Moraes chegou a agredir fisicamente Edmilson.

Mas em relação ao relatório, Leo Moraes pouco pensou na legalidade. Estava mais preocupado em “jogar” com a torcida e pedir a cassação dos denunciados. Suas considerações não acrescentaram em nada ao processo. Não havia um única prova nova sobre o assunto, a não ser o texto inquisitório do inquérito da Polícia Civil, tentando ligar políticos a organizações criminosas através de ligações telefônicas. No caso do vereador Jair Montes, a coisa é mais grave. A prova robusta contra ele é o depoimento da sua ex-esposa, Maria Eliane dos Reis Soares, sobre uma suposta participação do marido com narcotraficantes. Não se sabe se ela falou isso mesmo a polícia porque não há assinatura dela em depoimento algum. Há uma gravação, mais nada. Ainda em vida, ela mesmo se recusou a comparecer a delegacia quando chamada para falar sobre o caso.  A tese foi levantada pelo advogado de defesa de Jair, Leo Fachin, que também levantou sérias suspeitas sobre o juiz  Arlen Jose Silva de Souza da Vara de Tóxicos.

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