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Sites de bets estão em segundo lugar no ranking dos mais acessado no Brasil
Terça-feira, 12 Agosto de 2025 - 08:02 | Redação

A internet brasileira nunca teve um queridinho tão meteórico quanto as casas de apostas online. De acordo com uma pesquisa divulgada pela SimilarWeb, os domínios das bets passaram a responder por 55 milhões de acessos diários em janeiro e já beiravam os 68 milhões em maio.
Somando, além disso, mais de 2,7 bilhões de visitas nos cinco primeiros meses do ano, um volume que só perde para o Google e supera YouTube, WhatsApp e Globo.com. Esse salto não se explica apenas pelo apetite do torcedor. Desde junho de 2024 o Google passou a permitir o download direto dos aplicativos de apostas na Play Store.
Algo impensável até então, quando o usuário precisava buscar arquivos APK nos próprios sites, um processo lento e nem sempre seguro. Ao derrubar essa barreira, a gigante de Mountain View abriu caminho para que as bets ocupassem com força o smartphone do brasileiro, responsável hoje pela maior parte das sessões registradas no segmento.
A rota do tráfego dos melhores sites de apostas Brasil faz diferença. O crescimento é medido apenas entre as plataformas legalizadas, identificadas pelo sufixo “.bet.br”. São 193 casas devidamente regularizadas, informa o Comitê Gestor da Internet (CGI), número que dá contornos oficiais ao retrato do setor.
Essa base regulada já seria suficiente para alçar o segmento à vice‑liderança absoluta do tráfego nacional. Mas ela ainda exclui centenas de sites estrangeiros que permanecem operando à margem da lei, o que significa que o público real das apostas pode ser ainda maior.
Do desktop ao bolso: A mudança que veio do app
Antes da abertura da Play Store, as visitas às casas de apostas se concentravam em horários de jogo, via desktop. Em menos de doze meses esse padrão mudou. A SimilarWeb aponta que sessões mobile cresceram, embaladas por notificações push em tempo real e transmissões de streaming dentro dos próprios apps.
A combinação entre conveniência e oferta de odds instantâneas criou um hábito, o de acessar as bets primeiro pelo celular. O crescimento das apostas esportivas já movimenta milhões, com adesão principalmente de torcedores com idade entre 25 e 34 anos.
O endereço bet.br figura no topo do ranking nacional de junho de 2025. Mas se a exposição na Play Store facilitou o clique inicial, quem sustenta o engajamento é o futebol. Em 2025, todos os 20 clubes da Série A já possuíam algum patrocínio de bet, sendo que 18 exibem a marca como patrocinador master.
Estima‑se que os contratos somem R$ 1 bilhão por temporada, cifra que empurrou a presença das casas de apostas para transmissões, redes sociais dos clubes e até painéis de VAR. Leonardo Benites, diretor de comunicação da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), resume bem a lógica.
Segundo ele, investem onde o torcedor está, e não é por acaso que o tráfego cresce na mesma medida dos nossos acordos no futebol. A contrapartida institucional ganhou peso com a SPA exigindo campanhas permanentes de jogo responsável, e o setor tenta mostrar maturidade ao financiar iniciativas de integridade esportiva.
Os clubes aderiram ao protocolo de prevenção à manipulação de resultados chancelado pela Confederação Brasileira de Futebol, reforçando a ideia de que a popularidade das bets, hoje vice‑campeã na internet, precisa caminhar lado a lado com a credibilidade das competições.
Linha do tempo regulatória: Obrigações, custos e a corrida por licenças
Quando a Lei 13.756/2018 criou as apostas de quota fixa, o mercado brasileiro ainda era uma promessa. Tudo mudou com a Lei 14.790/2023, conhecida como Lei das Bets, que finalmente detalhou obrigações fiscais, publicidade e proteção ao apostador. A partir daí, o Ministério da Fazenda estruturou a nova Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA).
Órgão que passou a conceder autorizações, monitorar operações e aplicar sanções. Em janeiro de 2025, só quem exibisse domínio “.bet.br” e documentação em dia pôde continuar no ar, instaurando a primeira temporada 100% regulada do país. Para legalizar cada plataforma, a SPA cobra R$ 30 milhões de outorga e exige sede fiscal no Brasil.
Também solicita políticas rígidas de KYC e relatórios mensais de combate à lavagem de dinheiro. O investimento não espantou o apetite, já que em julho de 2025 já havia 172 casas autorizadas operando sob 79 licenças. A contrapartida vem do fisco, pois as bets pagam hoje 12% sobre o GGR.
No entanto, o Ministério da Fazenda já confirmou que a alíquota sobe para 18% em outubro de 2025, igualando‐se a mercados maduros como o britânico. O ambiente regulado tornou‐se fértil para inovação.
Se calcula um GGR mensal de R$ 2,8 bilhões em 2025 e projeta crescimento anual de 25%. Isso impulsionado por apostas ao vivo, transmissão de jogos dentro dos aplicativos e algoritmos de IA que ajustam odds em tempo real.