Polícia
Ex-deputado Tiziu Jidalias segue foragido um ano e 5 meses após decretação de prisão, mas foi visto em Ariquemes em abril
Quinta-feira, 15 Maio de 2025 - 08:54 | Redação

Líder de uma organização criminosa denunciada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, o ex-deputado estadual por Rondônia, Jidalias dos Anjos Pinto, o Tiziu Jidalias, segue foragido da Justiça Federal desde dezembro de 2023, quando teve a prisão preventiva decretada durante a Operação Forja de Hefesto, deflagrada pela Polícia Federal em uma investigação de mais de dois anos.
Mesmo foragido há um ano e 5 meses, Tziu foi visto em Ariquemes, cidade onde enriqueceu, há cerca de 15 dias, na companhia de um empresário da cidade, ou seja, mesmo sendo procurado, ainda parece ter poder na região.
A operação que investigou o ex-deputado criminoso investigou um esquema criminoso de extração e comercialização de cassiterita extraída de forma ilegal dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A ordem de prisão contra o ex-parlamentar partiu do juiz federal Victor Oliveira de Queiroz, da Justiça Federal em Roraima.
Além de Tiziu, outras pessoas também tiveram prisões decretadas, com mandados cumpridos nas cidades de Boa Vista (RR), Ariquemes e Ribeirão Preto (SP).
Segundo as investigações da PF, Tiziu Jidalias atuava como financiador e sócio de garimpos ilegais instalados dentro do território indígena, participando diretamente da primeira fase do esquema, que envolvia a extração clandestina da cassiterita. O minério era vendido para empresas de fachada, que davam aparência de legalidade ao produto antes da revenda a grandes empresas do setor.

Uma dessas empresas, segundo a PF, movimentou mais de R$ 166 milhões em poucos meses, comercializando cassiterita com origem fraudulenta. O destino final do minério era a White Solder Metalúrgica e Mineração Ltda, gigante do setor com sede em São Paulo e filiais em Rondônia e Amazonas.
Áudios revelam participação direta
Interceptações telefônicas e mensagens trocadas por aplicativos revelaram o envolvimento direto de Tiziu na coordenação das atividades ilegais. Em um áudio de maio de 2022, ele orienta o grupo a separar a produção interna da compra de terceiros, demonstrando preocupação com operações da PF na região e recomendando cautela para não ligar o nome dele às atividades nos garimpos.
Os investigadores apontam que Tiziu mantinha comunicação constante com Valdeci Aparecido Cardoso, o Keke, operador direto dos garimpos Pupunha e Baixinho. O número de telefone de Tiziu constava da agenda de Keke, com mensagens trocadas tratando de logística, pagamentos e produtividade.
Além de Keke, também são citados como cúmplices Felipe José da Silva Galvão (sócio de Tiziu) e Nelcides de Almeida Mello, o Gabiru. Todos integram uma organização criminosa com estrutura escalonada que empregava dezenas de trabalhadores, maquinário pesado e empresas para lavagem de dinheiro.
Crimes investigados
A operação apura crimes como:
- Extração ilegal de minério em terra indígena;
- Usurpação de bens da União;
- Lavagem de dinheiro;
- Organização criminosa.
A cassiterita extraída na Terra Yanomami era primeiramente negociada com a COOPERTIN (Cooperativa de Produtores de Estanho do Brasil), que por sua vez revendia para a White Solder, fechando o ciclo da cadeia ilegal.
Apesar do avanço das investigações e da prisão de outros envolvidos, Tiziu Jidalias permanece foragido.
