Política
Vereador denuncia ameaças e perseguição política; reunião com prefeito revela troca de apoio por cargos com altos salários
Quinta-feira, 22 Maio de 2025 - 11:17 | Redação

Porto Velho voltou a viver, na noite desta quarta-feira (21), uma cena emblemática da política feita à base do toma-lá-dá-cá. Em reunião a portas fechadas com o prefeito Léo Moraes, 19 vereadores decidiram se manter na base aliada após receberem a promessa de ocupação de 12 cargos com gratificações elevadas. Em contrapartida, ficaram fora do acordo os vereadores Marcos Combate, Nilton Sousa, Devolnildo Santana e Fernando Silva, este último, autor de uma grave denúncia que expõe o lado sombrio das relações entre o Executivo e o Legislativo da capital.
O vereador Antônio Marcos Mourão Figueiredo, atuando com nome político de “Marcos Combate”, formalizou nesta quinta-feira uma denúncia contundente de ameaças, perseguição política e uso indevido da máquina pública para silenciá-lo. Segundo o parlamentar, ele tem recebido ligações anônimas com ameaças diretas de cassação de mandato, além de relatos de que outros vereadores estariam sendo usados como instrumentos de retaliação por parte da atual gestão.
As acusações são graves e incluem suspeitas de espionagem ilegal: policiais supostamente infiltrados em secretarias municipais estariam vigiando seus passos, interceptando comunicações e até cogitando forjar provas, com instalação de escutas e objetos ilícitos em seu veículo. Paralelamente, ele relata ataques coordenados nas redes sociais, feitos por perfis falsos que o difamam, numa estratégia para minar sua credibilidade perante a opinião pública.
A situação se agrava com a denúncia de que portais e sites ligados por laços familiares ou de amizade a servidores comissionados estariam sendo abastecidos com recursos públicos para disseminar conteúdos difamatórios contra sua figura política. A prática pode configurar improbidade administrativa, abuso de poder e desvio de finalidade, atingindo diretamente a lisura da gestão.
"Minha postura é independente e fiscalizadora", afirma o vereador. "Atuo pelo interesse público e, por isso, incomodo." O preço de não ceder à cooptação política tem sido alto: segundo ele, veículos suspeitos o seguem constantemente, ampliando o temor por sua segurança e a de sua família.
O silêncio da Prefeitura de Porto Velho diante de tais acusações revela mais do que omissão. Enquanto a base aliada é fortalecida à custa de cargos com altos salários, os parlamentares que resistem ao esquema sofrem pressão, isolamento e, agora, ameaças.
No cenário atual, a relação entre o Executivo e parte do Legislativo se transforma em um campo minado, onde o apoio político é comprado, a oposição é perseguida e a democracia local, fragilizada. Resta saber se as instituições de controle, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, agirão com a urgência que o caso exige. Porque o que está em jogo, neste momento, é mais do que uma disputa de poder: é a integridade do processo democrático e a segurança de um parlamentar eleito para fiscalizar.