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Abandono, coação e espetáculo: atuação da Defesa Civil em Nazaré gera revolta e desconfiança da população

Sexta-feira, 02 Maio de 2025 - 00:00 | Redação


Abandono, coação e espetáculo: atuação da Defesa Civil em Nazaré gera revolta e desconfiança da população

O que era para ser uma ação emergencial de socorro às famílias atingidas pelas enchentes no distrito de Nazaré transformou-se em um episódio de abandono, coação e humilhação. Na noite desta quinta-feira, 1º de maio, moradores denunciaram que uma lancha da Defesa Civil, carregada com cestas básicas, foi deixada à deriva enquanto o foco da operação foi a prisão do administrador distrital Pedro Bastos – sem justificativas claras e em um clima de arbitrariedade.

Os relatos e vídeos publicados nas redes sociais expõem uma gestão marcada mais por truculência e teatralidade do que por compromisso com a população. Comandada pelo coronel Marcelo Duarte,  que é chefe do Gabinete Militar,, a equipe da Defesa Civil trocou a urgência humanitária pela perseguição política, segundo os moradores. “Vieram dizendo que era ajuda, mas saíram daqui com o nosso administrador preso e deixaram comida abandonada no rio”, disse uma moradora em vídeo.

A acusação de injustiça ganha contornos mais graves diante da forma como a operação foi conduzida. Moradores relatam que foram expostos em grupos públicos, coagidos a silenciar e intimidados com gravações feitas por agentes da Defesa Civil. “Não somos políticos, não temos que ser tratados como bandidos. Ele veio aqui para nos dividir, não para ajudar”, afirmou uma líder comunitária.

A ausência do prefeito Léo Moraes nesse episódio emblemático de descaso e desumanidade acirra os ânimos. Para muitos moradores, o silêncio da prefeitura é um ato cúmplice. “Cadê o prefeito? Por que ninguém veio dar uma explicação? A comida tá no barco, o administrador tá preso, e nós estamos abandonados”, desabafou Agnaldo, um dos líderes locais.

A denúncia não para por aí. A sede da administração distrital, segundo os moradores, foi tomada como alojamento pelos membros da Defesa Civil, que sequer apresentaram plano de atendimento social. Em vez de auxílio, o que chegou a Nazaré foi encenação. “Teve até dancinha do coronel dizendo que tinha ‘bobiquete’. Isso não é ajuda, é desrespeito com quem perdeu tudo”, criticou um morador.

Mais do que um erro de execução, a operação da Defesa Civil em Nazaré evidencia uma gestão marcada pelo autoritarismo, pela espetacularização das ações públicas e pela desconexão com as reais necessidades da população ribeirinha. A prisão do administrador Pedro Bastos, classificada como possível armação política pelos moradores, precisa ser investigada com rigor por órgãos independentes.

A reportagem aguarda esclarecimentos da Prefeitura de Porto Velho, do coronel Marcelo Duarte e da Defesa Civil. Mas uma pergunta ecoa com força em Nazaré: quem responde pelo abandono de um povo inteiro em plena calamidade?

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