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Sem condições adequadas, camelôs se dizem abandonados na Praça do Engraxate

Quinta-feira, 11 Agosto de 2016 - 18:17 | Da redação


Sem condições adequadas, camelôs se dizem abandonados na Praça do Engraxate
Histórias que se cruzam à espera de uma ação que resgate a dignidade e a alegria de viver. Assim vivem hoje dezenas de trabalhadores autônomos na Praça do Engraxate, no Centro de Porto Velho. Alguns, como dona Maria do Socorro Camelo, 48 anos, tiveram que se alojar no local depois da enchente de 2014 que tomou o antigo Shopping Popular, onde mantinha um pequeno bar e restaurante.



“Estou aqui desde 2014, mas já trabalho com isso há nove anos. Fomos obrigados a sair da praça e aqui não tem estrutura nenhuma para nós. Além do medo com a presença constante de marginais e usuários de drogas, não temos nenhuma previsão de termos um lugar adequado para trabalhar. A crise está abatendo a maioria de nós, não sei como vamos viver se continuar assim, sem incentivo, sem condições, e nenhum atrativo para a clientela”, desabafa a mulher.

Ex ferragista, William Roberto Moura também sentiu com a enchente, e teve largar o ramo em que trabalhava nas proximidades do antigo Shopping Popular depois do prejuízo causado à época. “O jeito foi vir pra cá e montar o barzinho. Minha mulher também aproveita o espaço para vender umas roupas...os tempos são difíceis”.

Dona Olceny Soares de Barros, 59 anos, tem a história ainda mais complicada. Somente no antigo ponto, na Rua Euclides da Cunha, foram 28 anos de trabalho. “Há seis anos, no segundo mandato do último prefeito, sofremos o golpe. Eles foram lá e demoliram tudo. Perdi minha mercadoria, o dinheiro que eu havia investido reformando o ponto pouco tempo antes, e perdi meu entusiasmo. Dependendo disso pra viver, fui nos piores lugares vender ao menos a sacola de maços de cigarro que consegui salvar para conseguir sobreviver”, lembra.

Conhecida como Eulália, Olceny conta que foram seis meses de agonia até que foi alojada no Praça do Engraxate. “Aqui já estou há seis anos. Pagamos água, luz, não temos nem sequer um banheiro decente, e o que tem foi construído por alguns camelôs que se juntaram - e é pago. O movimento aqui é horrível, muitos já quebraram, fecharam as portas. Tem gente doente, morrendo de tanta preocupação e tristeza. Eu estou entrando em depressão, vendo as contas chegarem e não tendo dinheiro para pagar. Na noite passada eu nem dormi”, conta.

O RONDONIAGORA não teve resposta da prefeitura de Porto Velho sobre providências a respeito dos camelôs alojados na praça, mas segundo os depoimentos dos trabalhadores autônomos, há quatro meses os responsáveis pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Socioeconômico e Turismo (Semdestur) fizeram uma reunião com os permissionários no local para falar sobre o projeto de construção de um novo camelódromo na Rua Euclides da Cunha, a mesma onde muitos já trabalharam e foram removidos.

“Eles só prometem. Estão nos enrolando esse tempo todo. Já fomos tirados de lá pelo ex-prefeito, agora vem outro dizer que vamos voltar, mas não tem nem sombra de obras no lugar. Estamos jogados ao ‘deus darᒔ, concluiu dona Olceny.
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