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Dia do Professor - Uma classe com muitos heróis e muitas heroínas

Domingo, 15 Outubro de 2017 - 08:38 | Por Ruzel Costa


Dia do Professor - Uma classe com muitos heróis e muitas heroínas

Começo o texto mencionando a professora Helley Abreu Batista, de 43 anos, considerada uma verdadeira heroína, ao tentar salvar a vida de seus alunos, e ainda lutou contra o assassino que incendiou uma creche. Ela sacrificou sua própria vida em defesa das crianças, impedindo que a tragédia fosse ainda maior. Helley teve 90% do corpo queimado e morreu horas depois. A tragédia ocorreu na cidade de Janaúba no norte do estado de Minas Gerais dia 05 de outubro de 2017.

No domingo 8 de outubro, o presidente da República concedeu à professora a Ordem Nacional do Mérito. A homenagem é dada às pessoas que deram exemplos de dedicação e serviço ao país, como Helley Abreu Batista.

Histórico do dia

O dia internacional dos Professores é celebrado em 5 de outubro. No Brasil dia 15 de outubro, pois em 1827, o Imperador Dom Pedro I assinou a primeira lei sobre o ensino primário. 

Parece que o Dia do Professor foi comemorado pela primeira vez em 15 de outubro de 1933, com uma missa e sessão cívica no Instituto de Educação do Rio de Janeiro. A iniciativa partiu da Associação dos Professores Católicos do Distrito Federal e ficou conhecido como Dia do Primeiro Mestre. Seu objetivo era dar às pessoas ocasião para demonstrarem a gratidão ao seu primeiro professor. A primeira comemoração de um dia inteiramente dedicado ao professor ocorreu em São Paulo, no Ginásio Caetano de Campos, por iniciativa de alguns professores, em 15 de outubro de 1947. A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e nos anos seguintes pelo país, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963.

DECRETO nº 52.682, de 14 de outubro de 1963 - Declara feriado escolar o dia do professor.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, usando das atribuições que lhe confere o item I do artigo 87 da Constituição Federal, Decreta:

Art. 1º O dia 15 de outubro, dedicado ao Professor fica declarado feriado escolar.
Art. 2º O Ministro da Educação e Cultura, através de seus órgãos competentes, promoverá anualmente concursos alusivos à data e à pessoa do professor.
Brasília, 14 de outubro de 1963; 142º da Independência do Brasil; 75º da República.
João Goulart

Uma carreira pouco procurada por falta de salários justos.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, resultados de pesquisa realizada, traz dados concretos e preocupantes, pois apenas 2% dos estudantes do Ensino Médio têm como primeira opção no ensino superior as graduações diretamente relacionadas à atuação em sala de aula, como o curso Pedagogia ou alguma licenciatura. Apesar de reconhecerem a importância do professor, os pesquisados afirmam que a profissão é desvalorizada socialmente, mal remunerada, com rotina desgastante, além da crescente violência nos estabelecimentos de ensino.

Essa situação ainda não melhorou.

Na edição do Jornal Bom Dia Brasil de 12 de outubro de 2016 o comentarista da Rede Globo Alexandre Garcia em seu comentário “...Quinze de outubro é que deveria ser feriado nacional para lembrar que essa é a mais importante das profissões - eu diria das vocações - e vou lembrar o óbvio: é o professor que forma o médico, o advogado, o engenheiro, que ensina as letras e os números, que desperta o raciocínio, que forma as gerações que serão o país. Sem educação, que é em casa, e ensino, que é na escola, não há futuro para o país. Sem esse conjunto, que se chama educação, não há salvação - e eu estou repetindo o óbvio.

Lembrar que é preciso de remuneração condizente com a importância do encargo é o mínimo. Lembrar que ensinar é um dom também é o óbvio. É um desperdício nascer professor e ir fazer outra coisa por falta do estímulo material.

Um crime de lesa pátria a falta de atenção a essa que é a prioridade máxima para a sobrevivência de um país. Não custa lembrar: professor é quem faz despertar o prazer do conhecimento, do saber pensar, do saber fazer, do saber viver. E quem sabe, não precisa de adornos”.

Educação Infantil - Professora Monique Vivian Leite Sá “Nos dias atuais ainda se observa barreiras na aceitação concreta da proposta da Educação Infantil, é comum muitas pessoas considerarem a escola como um espaço onde os pais deixam seus filhos para serem cuidados, enquanto trabalham, e ouvirmos que - o filho vai para a escolinha para brincar! Mas, digo-lhes que brincadeira é coisa séria, é vivência, é crescimento, é amadurecimento e consequentemente, é aprendizado! E nós, professores, estamos preparados para compreender o processo, somos formados (e buscamos constantemente capacitações) para trabalhar de forma séria, com intuito de cultivar as habilidades de nossos alunos. A atividade lúdica prepara a criança para desenvolvimento de seu cognitivo e para a vida, em aspecto físico e social. A primeira infância é de extrema importância para a assimilação e apropriação da rotina enquanto pedagógica, e para a prática de conceitos básicos que serão necessários nas séries seguintes.

Contudo nos dias atuais lidamos com novas situações não vistas no passado sobre a educação: as crianças são sujeitas a novas tecnologias, mais informações e atividades, e novos modelos de famílias. Vemos que algumas famílias resistem em aceitar as orientações e limites a seus filhos, outras são rigorosas não levam em conta a criança, suas peculiaridades. Em uma perspectiva caberá a nós, professores, a árdua tarefa de intermediar e se posicionar frente até em questões que deveriam ser de responsabilidade do núcleo familiar.
Acreditamos, também, que educação infantil tem papel de oferecer um aprendizado que propiciem vivências e valores que influenciará nossos alunos, em sua formação e por toda sua vida.

Para a estudante do Ensino Médio Isabela Silva Dugué de Abreu “Dentre todas as profissões a de professor é a que encontra maior distinção e relevância para a sociedade, por isso é extremamente valorizada. Expectativa e sonho de todo jovem, a profissão é vista como algo especial e de alta complexidade, sendo que não se é professor por falta de outra oportunidade, mas por desempenho e muita persistência em um processo contínuo de desenvolvimento de competências. Ser mestre não é para a maioria. O papel do educador, como facilitador de aprendizagem é significativo relevante. Nenhuma tecnologia substitui o ser humano nesse processo de construção do conhecimento, o qual demanda boa vontade, ponderação, sensibilidade e capacidade de conhecimento. A realidade educacional permite o desenvolvimento do homem- pensante ou homem-sujeito, superando a do homem-objeto, que não tem efetiva consciência de seus direitos e, por conseguinte, não luta por eles facilitando a vida dos poderosos que controlam o seio social. O papel do educador na sociedade é de máxima relevância na medida em que colabora para um processo de aprendizagem que constrói pessoas capazes de se auto governarem e tratarem da própria vida, portanto exercendo plenamente a cidadania nas ações e omissões imprescindíveis ao desenvolvimento da Nação. Os mestres não vivem sufocados por um excesso de atividades e tarefas burocráticas para atender a um plano de gestão do Estado que se mostra completamente desvinculado das necessidades econômicas e sociais da nação. O professor encontra-se entre as profissões que ganham os mais altos salários. Somado a isso, encontra-se o prazer em atuar como mediador na construção do conhecimento de alunos. Inimaginável nesse processo de inter-relacionamento com o aluno qualquer atitude de violência ou assedio moral contra o mestre. Não existem pressões sem fundamento e aleatórias a um plano de ensino que sejam exercidas por coordenações ou diretorias. O referido contexto não é o cenário do perfil do professor dentro da realidade do nosso país.

Havendo apenas uma expressão de esperança, “Graças ao pensamento utópico podem-se criar condições para a reforma social, de modo que o que num momento pode ser utópico oportunamente se converte em real”. (MORA,2001). Feliz Dia dos Professores.

Mais oportunidades, menos grades – Amanda Rodrigues “Sabe-se que a porta de entrada para uma vida digna e honesta, parte primeiramente do estudo. Ferramenta importante que permite ao ser humano ter uma nova visão sobre sua vida, a comunidade em que vive e as pessoas que o cercam. Recorrer ao estudo no ambiente prisional é porque todas as tentativas de estudar em liberdade deram errado por algum motivo e por isso já cansada de desistir dos sonhos e conquistas, ao se deparar com esta realidade tão dura, entende de que alguma forma precisa não desistir mais de si, evoluir, tentar nem que já mais uma vez...Não poderia falar de estudo sem mencionar o importante trabalho do professor. Peça fundamental que contribui com a vida da pessoa encarcerada. São eles que motivam aquela pessoa que já não acredita mais em si, que diante das vicissitudes da vida, estagnou. ´o professor que vem confronta as realidades dessa pessoa, muitas vezes com ensinamentos simplórios, mas que tem um grande peso na vida da pessoa privada de liberdade. É o professor que vem mostrar através de um novo prisma, a possibilidade de um novo caminho para se trilhar. Um caminho mais ameno, agradável, mais sábio, mais prospero. Importante seria que as autoridades competentes dessem o devido valor ao professor e a escola no ambiente prisional, pois é daqui que sairão novas cidadãs para a sociedade que tanto já sofre assolada em violência. Medidas de ressocialização, oportunidades de ingressar no mercado de trabalho e se qualificar profissionalmente, é o que a pessoa precisa para sair da prisão direcionada a uma vida digna, de cabeça erguida como uma cidadã de bem”.

Educador, profissão transformadora - Por: Anderson do Singeperon - Deputado Estadual e Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Rondônia “15 de outubro é a data em que lembramos e homenageamos todos aqueles que fazem da Educação uma missão de vida. Não é pela luxúria ou pelo glamour que uma pessoa escolhe a carreira de professor, mas sim pelo seu poder de transformação que causa na vida de qualquer ser humano ou na proposta de estar na frente de luta pela consciência da realidade social. A pouca valorização salarial ou, em muitas vezes, a precária estrutura de ensino, não são motivos suficientes para fazer esse profissional perder a alegria de compartilhar o conhecimento ou de completar os laços da família do aluno. O professor luta pela transformação, conhece as limitações dos outros, se entrega numa causa que não é sua, mas de outra pessoa, para que essa outra pessoa cresça e no futuro – quem sabe – reconheça, no bom profissional que se tornar, a marca daquele que o formou. Como homens que fazemos da política um meio de transformação social, também temos o dever e compromisso de proteger os direitos dos professores e com isso fortalecer a nossa educação que só será de qualidade com a valorização dos nossos mestres. A educação que é, a meu ver, a salvação de muitos males da nossa sociedade, a exemplo da violência desenfreada e de um sistema prisional sucateado e inchado.
Você, professor e professora, nunca desista dos seus sonhos. A luta não pode parar”.

Como já foi dito, nós professores, sem nenhuma dúvida, fazemos parte da principal classe profissional de uma Nação, pois todos os demais profissionais passaram pelos bancos escolares, mas o que nos incomoda são as adversidades que enfrentamos muitas vezes salários que não condizem com as responsabilidades que temos; a violência que muitos sofreram em plena sala de aula, como ocorreu com a Professora Márcia Frigi, agredida violentamente no dia 21 de agosto desse ano, por um aluno com apenas 15 anos. O caso ocorreu na cidade de Indaial, no estado de Santa Catarina e ganhou grade repercussão na mídia nacional e internacional. Apesar de tudo, sempre estamos contribuímos para o engrandecimento dos discentes em todos os aspectos e em todos os níveis. Mas tudo tem início com a Educação Infantil, formando o alicerce para as demais etapas da vida acadêmica, e por fim o orgulho de pertencer a uma das profissões mais confiáveis do Brasil e do Mundo.
Então o que falta?

O autor é professor em Porto Velho

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