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Rondônia 2020 – Final

Quarta-feira, 21 Março de 2012 - 17:18 | José Armando Bueno


Os antigos já diziam que é no andar da carroça que as abóboras se ajeitam. E quando a carroça não anda? Pois é, estamos assim. Rondônia parou. A locomotiva dos eventos indomáveis da economia esmagará a carroça que está cansada, enjoada da rotina palaciana ou dos enormes desafios e problemas que se apresentam, sem qualquer solução concreta, tangível, mensurável. O palácio virou dormitório, anda todo mundo muito cansado de tanto trabalho.



E quais elementos críticos farão com que essa locomotiva esmague nosso futuro, governantes e coadjuvantes? Sempre, sempre a via do desenvolvimento econômico ou a falta dele estará presente gritando por mudanças, reformas, por mais trabalho, por uma vida decente. O ser humano busca a estabilidade, a conformidade, a homeostase desde sua origem. Não pode faltar pão (alimento), não pode faltar calor (conforto) e não pode faltar segurança (estabilidade). A falta de qualquer um destes elementos do tripé da sobrevivência humana gera riscos, estresses, conflitos, confrontos.

Querem ver? Porto Velho, março de 2012. Os setores econômicos de bens duráveis e de capital intensivo já apontam, desde junho de 2011, queda ascendente nos negócios, como o automotivo e imobiliário. Outros setores de bens de consumo e prestação de serviços estão claramente enfrentando dificuldades. Vestuário, mobiliário, eletroeletrônicos, serviços automotivos, dentre outros, apresentam desaceleração acentuada para além deste período típico de Rondônia, quando a atividade econômica sofre contrações. Empresas tradicionais e de visibilidade em Porto Velho fecharam, outras tantas estão enfrentando sérias dificuldades. Os indicadores confiáveis de amplitude econométrica ainda não estão disponíveis e não estarão antes de julho de 2012 na melhor das hipóteses. No geral, queda acentuada no faturamento entre 15% a 35% já contabilizadas. Como isso já ocorre tem três trimestres consecutivos, entramos numa espiral recessiva altamente perigosa, com danos irreparáveis.

Como eu sei disso? Eu ando, corro as empresas, converso cara-a-cara com empreendedores, telefono, pergunto, questiono, portanto obtenho de fonte viva, informes e informações críticas que vão demandar meses para surgir no cenário das estatísticas. Se surgirem.

Mais, os alarmes não soaram e jamais vão soar. Vivemos como vítimas de tsunamis sem qualquer sinal ou sirene a nos advertir da tragédia que chegará, sem avisar. O governo do estado – muito menos a prefeitura – não monitoram dados críticos de qualquer ordem, como ocorre em governos sérios de estados e países sérios. Quando surgem tragédias, ficam paralisados ou viram as costas para a população, o contribuinte. Veja o caso da cratera na BR. Tudo muito, muito lento.

Nossa economia estará estagnada em 2014, feito água parada, que é o quadro mais colorido. No quadro mais preto e branco, estaremos em franca recessão, o que é mais provável. Quando a economia vai mal, a oposição é quem desce o pau e leva o comando da nau. Vejam a Europa. Mudanças radicais no comando dos países da zona do euro abalaram lideranças e partidos encastelados no poder. É assim desde sempre. Obama deverá salvar-se por um fio, no curto pavio da tênue recuperação da economia norte-americana. Mas novembro ainda está longe demais. Tudo pode acontecer.

Em Rondônia ou qualquer cidade daqui, não há decisões estratégicas de sustentação do crescimento e desenvolvimento econômico. Tudo se faz para não fazer, não agir. Uma única decisão de investimento de médio capital demanda pelo menos 24 meses para fazer algo andar na economia real. Como não há decisão alguma...

Em 2020 existe a possibilidade de um novo ciclo, baseado na ampla demanda por custos logísticos competitivos (sim, temos posição logística estratégica), por minerais estratégicos (sim, nós temos muitos), proteína animal de qualidade (carne bovina e peixe), demanda por água (já sinalizando a grave falta de água em 2030, conforme estudos recentíssimos confiáveis). Temos outras vantagens competitivas, entretanto, tais vantagens ficarão somente na potencialidade enquanto perdurar a falta de projeto de futuro. Temos custos logísticos 35% menores para atingir a costa oeste norte-americana, Rússia, Japão, Índia e China que, juntos, vão representar 70% do consumo global. Mas estamos fora do jogo e, qualquer decisão para nos introduzir como player ativo na logística, demandará ao menos uma década de enorme esforço. Não temos rodovia, ferrovia, aeroporto e porto, não temos infraestrutura alguma com o porte e as exigências atuais para participar do jogo. Que dirá em 2020, que tá aí na esquina. Oito anos na cortina do tempo do desenvolvimento econômico é quase nada. Mas decisões tomadas hoje, em 2012, que ofereçam real consistência para o aproveitamento das oportunidades e o enfrentamento dos desafios futuros, estão longe de ocorrer. Todos aqueles que podem tomar alguma decisão em Rondônia dormem o sono perverso na inação, da cegueira, da leniência, e preferem as versões aos fatos, os discursos aos atos. Quem viver verá. O último a sair, apague a luz por favor.

Bem, para aqueles empreendedores, executivos e profissionais liberais que queiram reposicionar suas estratégias e negócios para enfrentar o cenário de dificuldades já consolidado, veja o link abaixo, com os novos programas da Bueno Escola de Negócios. É preciso treinar intensivamente, suar a camisa, para não sangrar no campo de batalha, como diz o cantor e compositor inglês Colonel Red. Atenção: dia 2 de abril tem início o primeiro programa, “Gestão de Metas com Indicadores de Desempenho”. Vamos treinar?

http://issuu.com/buenoeduca/docs/programa2012-1


Quer falar comigo? Escreva para: buenoconsult@gmail.com

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