Política
Pressionado por denúncias de corrupção, secretário-geral de Léo Moraes é exonerado, mas troca é tentativa de blindagem política
Terça-feira, 20 Maio de 2025 - 13:05 | Redação

Cinco dias após a publicação de uma reportagem do RONDONIAGORA revelando fortes indícios de corrupção em um contrato de R$ 35 milhões com a empresa Plator Engenharia e Meio Ambiente, o secretário-geral de Governo de Porto Velho, Oscar Dias Neto, pediu exoneração do cargo. A saída, no entanto, está longe de representar uma ruptura com o núcleo duro da gestão do prefeito Léo Moraes.
Embora aliados políticos estejam tentando emplacar a versão de que Oscar foi “promovido” à presidência da recém-recriada Agência Reguladora de Serviços Públicos, a realidade nos bastidores aponta para uma manobra típica de governos acuados: tirar de cena figuras-chave quando escândalos ganham corpo, mas mantê-las próximas do centro de poder.
Blindagem ou castigo premiado?
A exoneração de Oscar ocorreu após intensa pressão nos bastidores, iniciada na noite de segunda-feira. O prefeito tentou convencê-lo a aceitar a presidência do novo órgão, mas o agora ex-secretário relutou. Não por modéstia — mas porque, segundo fontes próximas à gestão, ele detinha mais poder do que a própria vice-prefeita, Magna dos Anjos, com atuação no Executivo praticamente decorativa.
Oscar centralizava decisões administrativas, políticas e contratuais. Nenhuma nomeação passava sem seu aval. Nem mesmo secretários considerados próximos do prefeito tinham autonomia para escolher chefes de divisão ou diretores. Ele era o filtro, o executor e o garantidor dos interesses do núcleo político de Léo Moraes.

O escândalo Plator e o rastro de irregularidades
A gota d’água foi o escândalo da Plator Engenharia. A Prefeitura de Porto Velho aderiu, por meio de carona, a uma Ata de Registro de Preço de um consórcio de pequenos municípios de Minas Gerais. No mesmo dia, empenhou R$ 8 milhões. A velocidade da movimentação e a origem questionável da ata levantaram suspeitas imediatas no Tribunal de Contas do Estado e no Ministério Público, que já investigam possíveis irregularidades, incluindo denúncias de solicitação de propina para agilizar a tramitação de documentos.
Essa não foi a única mancha recente na condução da Secretaria-Geral. Outra licitação emergencial — a da coleta de resíduos sólidos — também terminou judicializada, revelando um modus operandi preocupante e recorrente: emergências fabricadas para justificar contratos milionários sob pouca ou nenhuma concorrência, à revelia dos princípios da legalidade e transparência.
Troca de cadeiras não apaga as digitais
A nomeação de Oscar para a presidência da Agência Reguladora não elimina sua responsabilidade pelas decisões tomadas enquanto esteve à frente da Secretaria-Geral. Muito menos pode ser tratada como uma “promoção”. Ao contrário, o movimento revela o desespero de uma gestão encurralada por denúncias e a tentativa de esconder as digitais de seus operadores em escândalos crescentes.
Léo Moraes, que prometeu uma administração moderna e transparente, vê sua retórica se dissolver diante de fatos concretos: contratos suspeitos, centralização extrema de poder e ausência de controle institucional. A tentativa de maquiar exonerações como movimentações estratégicas só reforça a imagem de um governo mais preocupado com aparências do que com responsabilidade pública.