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Pecuarista investe em sistema sustentável de produção

Segunda-feira, 18 Dezembro de 2017 - 16:35 | da Redação


Pecuarista investe em sistema sustentável de produção

O pecuarista de Rondônia, Giocondo Vale, vem apostando no sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) para renovar a pastagem, recuperar o solo e, consequentemente, melhorar a produtividade e a lucratividade da fazenda. O foco de sua fazenda, a Don Aro é a pecuária. Desta maneira, a integração Lavoura-Pecuária (ILP) adotada na propriedade é temporal, ou seja, uma área é utilizada por alguns anos integrando lavoura e pecuária e, na sequência, se estabelece somente pastagem com gado por mais alguns anos.

A adoção de um sistema sustentável de produção, segundo ele, é caminho sem volta e tem servido de modelo para outros produtores do estado e também do Brasil. “Para enriquecer o solo e produzir uma boa pastagem, nós pecuaristas precisamos da agricultura, que ajuda a diluir os custos e aumentar nossos ganhos futuros. Somos prova de que é possível ter uma empresa agropecuária e atuar de forma sustentável, sendo ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo", argumenta o produtor.

Localizada no município de Machadinho D’Oeste (RO), a fazenda possui 1.680 hectares que se dividem da seguinte forma: 945 em produção, sendo 645 em uso para a pecuária e 300 para o sistema de ILP. O restante, 270 hectares, são de mata nativa, reposição florestal plantada (76 ha) e as Áreas de Preservação Permanente (APPs) recuperadas. Conta com 1.200 animais na propriedade, onde se produz parte de animais cruzados entre as raças Aberdeen Angus e Nelore, permitindo maior precocidade reprodutiva e de abate, com carne de melhor qualidade e maciez.

O caso da Fazenda Don Aro está servindo de modelo para Rondônia e Amazônia. As vantagens da ILPF em âmbito nacional são comprovadas por análises de viabilidade técnica, econômica, social e, principalmente, ambiental. Sua aplicação nos diferentes biomas e possibilidades de combinações entre agricultura, pecuária e floresta, sejam elas integrações agropastoris (lavoura e pecuária), silviagrícolas (floresta e lavoura), silvipastoris (pecuária e floresta), ou agrossilvipastoris (lavoura, pecuária e floresta), oferecem tanto ao produtor quanto ao sistema grande versatilidade e possibilitam que componentes culturais, econômicos e ambientais sejam considerados para a perfeita adequação à realidade da região.

Segundo o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia Frederico Botelho, o sistema de integração lavoura-pecuária é o modelo mais adotado no estado, tanto pelo pecuarista como pelo agricultor. “Os pecuaristas buscam com a ILP amortizar os custos de recuperação de suas pastagens com a produção de grãos, aumentar a capacidade produtiva de suas pastagens e produzir pastagens de melhor qualidade. Já os agricultores buscam na ILP os benefícios que estes sistemas proporcionam para a fertilidade do solo (química, física e biológica), potencializa o uso do sistema de plantio direto na palha, e incrementa os índices de produtividade da propriedade”, explica. Além disso, ele complementa que, uma das grandes vantagens deste sistema para Rondônia, estado tipicamente pecuário - aproximadamente 13 milhões de cabeças, é a disponibilidade de forragens em quantidade e qualidade em um período em que em sua maioria as pastagens estão secas.

Certificação renovada

As práticas incorporadas por Giocondo há anos encontraram no Programa de Boas Práticas Agropecuárias - Bovinos de Corte (BPA), coordenado pela Embrapa, orientações para que ele pudesse ajustar e melhorar as atividades realizadas em sua propriedade, tornando o sistema de produção mais sustentável, competitivo e rentável. A Fazenda Don Aro foi a primeira propriedade de Rondônia a receber o atestado de adequação pelo BPA, no ano de 2014, e ele foi renovado agora, em 2017. Foi ainda a segunda da região Norte a receber a classificação ouro, por atender a 100% dos itens obrigatórios e 90% dos altamente recomendáveis pelo Programa.
Modelo em sustentabilidade na Amazônia

O município de Machadinho d'Oeste estava entre os 43 municípios da Amazônia que mais desmatavam na região e fez parte das ações do programa Arco Verde Terra Legal, do governo federal, que realizou ações para reduzir o desmatamento e promover o desenvolvimento sustentável da região, em uma parceria com Embrapa e outras instituições. Na contramão do desmatamento, Vale trabalha há 25 anos com a pecuária em 1.680 hectares de terras, sem a utilização de fogo e com práticas sustentáveis. A propriedade encontrasse adequada com as questões ambientais, preservando e mantendo coberta por vegetação nativa, reposições florestais em blocos e Áreas de Preservação Permanente (APPs) com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) já efetuado no órgão responsável.

A Fazenda Don Aro também é a primeira em Rondônia na aplicação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), bem como do Plano ‘Lixo Zero'. Além da tríplice lavagem de agrotóxicos, é realizada a coleta seletiva com o devido destino de cada grupo, de acordo com a legislação. Ele também recuperou todas as APPs, com plantio de mudas de espécies nativas, e ainda tem o plantio de 11 mil pés de castanheiras-do-brasil, o maior plantio individual realizado por pessoa física no Brasil.
Premiação nacional

A Don Aro ficou em segundo lugar no prêmio Fazenda Sustentável 2017, da Globo Rural. Foram 47 propriedades rurais de todo o Brasil inscritas. Na primeira etapa foram selecionados 13 finalistas e, destes, o três mais bem colocados. O concurso teve como principal critério o uso múltiplo da terra, a partir das boas práticas agropecuárias e eficiência no uso de recursos. As propriedades são avaliadas com base em critérios em que constam boas práticas agropecuárias e sociais, além da viabilidade econômica do negócio.

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