O governador Marcos Rocha se mexe nos bastidores. Além da montagem da equipe de transição e de convites que tem feito para compor seu secretariado (embora exija dos convidados, aceitem ou não, sigilo absoluto), o comandante eleito para o Palácio Rio Madeira/CPA também se mexe para ter uma maioria segura na Assembleia Legislativa, a partir do início do seu governo e da posse dos novos parlamentares. Ele assume em 1º de janeiro e os deputados que vão compor a nova legislatura tomam posse de suas cadeiras um mês depois, em 1º de fevereiro. Até agora, pelo menos, não se ouviu nenhuma das vozes entre os eleitos e reeleitos, que tenham decidido fazer oposição sistemática ao novo governante. A questão, contudo, vai passar pela eleição da Assembleia, já que o Coronel Rocha e seu grupo devem apoiar o nome do deputado mais votado na última disputa, José Lebrão, do MDB e isso pode trazer ainda conflitos futuros. Sabe-se por exemplo que há pelo menos dois outros parlamentares querendo entrar na disputa: Alex Redano, do Podemos e Jean Oliveira, do MDB. O novo governador anda conversando para formar sua base, sempre tendo o cuidado de, ao menos por enquanto, não criar confrontos políticos.
“Já combinou com os gringos? ”
Nessas negociações políticas que estão ocorrendo, caso mantenha o que disse na campanha e repetiu depois de eleito, Marcos Rocha não aceitará negociar cargos em seu governo. Seguindo o exemplo do seu guru e mentor, Jair Bolsonaro, eleito presidente, o Coronel Marcos Rocha tem repetido que “acabou a fase da troca de favores. Meu governo será composto por gente competente, especializada e ninguém será escolhido por indicação política, seja de que partido for”. Isso significa que muda mesmo a forma de fazer política no Estado, como está mudando em nível nacional. O que não se sabe ainda é como reagirão alguns dos eleitos e reeleitos que vivem de indicações políticas, de ocupação de espaços nas administrações e que não estão habituados a apoiar um governante que não lhe abra as portas para essas “parcerias”, que sempre tiveram como principal meta acertar a vida de amigos, correligionários e apaniguados, nunca os interesses maiores do Estado. Ou seja, traduzindo para a linguagem do futebol, a intenção do Coronel Governador é ótima. Mas ele já combinou com os gringos, como dizia Garrincha, ao receber instrução do seu treinador para driblar toda a defesa adversária e fazer um gol?
Socorro, presidente! Foram 29 brasileiros assassinados e seus matadores nem sequer respondem processo
“Excelentíssimo Senhor Presidente eleito, Jair Bolsonaro: venho a presença de Vossa Senhoria, em nome das famílias de pessoas brutalmente assassinadas no ano de 2004, na Reserva Indígena Roosevelt, localizada na cidade de Espigão do Oeste, estado de Rondônia e em nome das pessoas de bem dessa terra, que não aceitam essa doentia impunidade, que Vossa Excelência determine, com a máxima urgência, nova investigação sobre o caso. Para seu conhecimento, num trágico dia de abril de 2004, há quase 14 anos, portanto, 29 garimpeiros, que estavam irregularmente à busca de diamantes dentro da Reserva Indígena Cinta Larga, foram brutalmente mortos a golpes de tacape, facas, facões, flechas e tiros de espingarda. As fotos dos cadáveres, um ao lado do outro, formando uma enorme fila, chocaram qualquer cidadão de bem que as viram. Uma investigação, Senhor Presidente, foi feita sob o comando da Polícia Federal, à época. O processo, enorme, denunciou o envolvimento de pelo menos 100 pessoas, todas da aldeia, como participantes diretas ou indiretas na brutal série de mortes.
Esse sim foi um massacre!
Um grupo fortemente armado atacou, de tocaia, os invasores da área, matando-os a sangue frio e sem direito a qualquer defesa. Prova disso é que nenhum dos denunciados saiu sequer ferido no lamentável evento. Ora, se tivesse havido algum tipo de luta, se as vítimas tivessem tido tempo de reagir, ao menos alguns dos criminosos teriam sofrido algum tipo de ferimento. Nada disso ocorreu. Mais uma prova de que o ataque foi sorrateiro, de surpresa, sem dar chance de defesa ao grupo dizimado. Desde 2006, aproximadamente, Excelência, dormem em gavetas de órgãos federais, os processos contra os assassinos, todos índios. Como não há denúncia, não há julgamento. Como não há julgamento, o caso tem sido empurrado com a barriga, correndo risco de prescrição. Vossa Excelência sabe da celeridade com que um processo andaria, caso a vítima ou vítimas fossem índios. Mas não mexe num caso absurdo e doentio, que dizimou 29 seres humanos, como se eles nunca tenham existido, ou seja: dois pesos, duas medidas. Até o Conselho Nacional de Justiça, sempre ávido em atuar em casos como esses, também se cala até hoje! ”
“A partir de agora, Senhor Presidente eleito, o Brasil espera que a verdade sempre prevaleça, não importando as convicções políticas e as ideologias envolvidas. Vivemos uma grande mentira, durante anos, que nos colocou nessa terrível situação em que estamos, inclusive numa imensa e perigosa crise moral. A verdadeira Justiça é o que nos resta, para voltarmos a ser uma terra digna e uma sociedade sob a égide da mais pura democracia. Posicionamentos ideológicos, aparelhamento de instituições, decisões baseadas em partidarismos, legislação que protege apenas alguns em detrimento de outros, é o caminho mais curto para o caos. As mortes de Roosevelt podem parecer algo pequeno, no contexto dos 60 mil assassinatos anuais em nosso país. Mas ela é sintomática. Não se pede punição ou sentenciamento dos matadores, sem julgamento que lhes permita a mais ampla defesa. Pede-se, sim, que prestem contas à Justiça, apenas. E isso, tem sido negado às vítimas e suas famílias. Esperamos por sua intervenção no assunto. Assinado: jornalista Sérgio Pires”.
Lições ideológicas na sala de aulaO Judiciário perde, mas o país ganha!
Não se pode ter tudo. Perde muito o Judiciário brasileiro, perdem muito as investigações da Lava Jato; perde também o combate sistemático à corrupção, já que os corruptos temem tanto a ele quanto o Diabo à Cruz. Por outro lado, ganha o Brasil, com a decisão do juiz Sérgio Moro em aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para ser o novo ministro da Justiça. Moro assumirá o posto ao menos até o final de 2019, quando Celso de Mello se aposentará e o ainda jovem magistrado será indicado para compor a Suprema Corte, sonho de qualquer magistrado. Depois de um encontro com Bolsonaro, quando o informou que aceitava o convite, Sérgio Moro lamentou deixar uma vida de mais de duas décadas como Magistrado, mas animou-se com a possibilidade de ser ministro da pasta que pode implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, “com respeito à Constituição, à lei e aos direitos”, conforme sublinhou. Claro que ele não tomou a decisão sozinho. Certamente ouviu todos aqueles que o ajudaram e apoiaram na batalha contra a roubalheira petista e a decisão de mandar o chefão para a cadeia. O Judiciário perde sim, até porque Moro passa a ser vidraça e os petistas vão tentar de tudo para destruí-lo. Mas o Brasil ganha muito. Bem-vindo, ministro!
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