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Um Dia Triste na Fórmula 1. Sujeira na pista de Maranello

Terça-feira, 27 Julho de 2010 - 17:59 | Tadeu Fernandes


Um Dia Triste na Fórmula 1. Sujeira na pista de  Maranello
O último Grande Prêmio de Fórmula 1 da Alemanha, realizado em Hockenheim no dia 25 de julho de 2010, representou uma página vergonhosa para o automobilismo mundial, certamente atingindo diretamente a nação italiana. O que a Ferrari fez foi visivelmente imoral, afrontando os mais comezinhos princípios de decência e de honestidade profissional, comprometendo toda a historia do automobilismo mundial, em especial a Formula 1, criada em 1.950. O mundo ficou atônico com a ordem do diretor da equipe de Maranello para que Felipe Massa deixasse Fernando Alonso ultrapassá-lo, coisa feia e ridícula.



Aprendi, desde criança que devemos nos comportar com dignidade e honrar sempre nossas ações, quer seja na vida social, familiar ou profissional, respeitando as normas de boa conduta e que o sucesso deve ser alcançado escalando os degraus de maneira ordeira e civilizada, com respeito e humildade.

Michael Shumacher disse que faria o mesmo, mas o alemão não é um bom exemplo a ser seguido, tendo usado os mesmos métodos deploráveis para atingir seus objetivos. Com a palavra Rubens Barrichello.

Desde a mais tenra idade acompanho com paixão o automobilismo, iniciando nos tempos de Emerson Fittipaldi. Assisti corridas de Fórmula 1 várias vezes em Interlagos, presenciando os grandes corredores como José Carlos Pacce, Wilsinho Fittipaldi, Carlos Reutmamm, Alain Prost, Graham Hill, Senna, etc.

Raramente deixo de assistir um grande prêmio de Fórmula 1 na TV. O que aconteceu neste domingo mexeu profundamente com todo passado que me ligava a esse que até hoje imaginava ser um esporte, mas que agora tenho a certeza que não é mais. Passou a ser uma atividade meramente comercial, cujo interesse maior é o ganho, o lucro, onde se pode ser campeão a qualquer custo e a qualquer preço, independentemente dos métodos utilizados.

Nós, telespectadores acostumados aos velhos chavões da TV Globo – “Alô amigos da TV”, “Bem amigos, muito bom dia” – a partir de agora ficamos com a certeza de que somos alienados, usados como um bando de idiotas e imbecis vendo carrinhos de equipes e cores diferentes acelerando em volta de uma pista na triste ilusão que o mais talentoso será o vencedor. Com o nosso patriotismo, nosso ufanismo verde e amarelo, torcendo para que um dos nossos pilotos suba em primeiro lugar no pódio. Tudo não passa de uma jogada e um embuste arranjado pelos donos de equipe e chancelado pelos donos da FIA. Onde estava o Bernie Eclestone quando a Ferrari determinou a Felipe Massa para diminuir a velocidade e deixar o espanhol ultrapassar? E o diretor de provas? Foi um capítulo dos mais sujos e que envergonha o automobilismo mundial, além das pessoas que participaram desta tramóia prevista por Luciano Burt e Reginaldo Leme.

Fernando Alonso já e useiro e vezeiro em desrespeitar regras esportivas e comprovou a sua conduta e caráter, valendo registrar que as pessoas que foram ao autódromo pagaram ingresso para ver um esporte onde no final da corrida o vencedor deveria ser o melhor, constatando fraude sem o mínimo disfarce. É só lembrar o acontecimento com Nelsinho Piquet, quando bateu de propósito em um muro para beneficiar a Renault e o espanhol. É um touro da Andaluzia com as narinas em brasa, não respeitando regras para ser o vencedor, e constantemente afronta o regulamento da categoria.

Os italianos tiveram Nero que ateou fogo em Roma e agora figuras como Luca de Montezemolo que concordou com a atitude tomada pela equipe e Stefano Domenicali, que incendiaram o circo da Formula 1 com decisões desprovidas de decência. Certamente, se estivesse vivo, Enzo Ferrari não permitiria essa imoralidade transmitida ao vivo para o mundo. Os hinos da Espanha e da Itália foram cantados e suas bandeiras agitadas timidamente em razão da vitória não ter sido obtida dentro das regras do jogo, onde o importante é enriquecer e não competir, ao contrário do que pregava o Barão Pierre de Colbertin, criador dos jogos olímpicos.

A Ferrari, Fernando Alonso e a Fórmula 1 nunca mais serão os mesmos. A vergonha que senti por ser aficionado deste que achava ser um esporte fará com que daqui em diante me limite a apenas ver, quem sabe, algumas imagens de alguns pilotos, mas sem o entusiasmo e alegria que sentia nas manhãs de domingo.

Que a vergonha proporcionada pela Ferrari em Hockenheim sirva de exemplo, sendo parâmetro para fazermos uma reflexão onde os homens pretendem chegar. Este exemplo do cavalinho rampante não deve ser seguido em nenhum outro esporte. É o fim de que o vencedor deve ser o melhor, o mais talentoso e o mais preparado. É o fim do esporte.
O que será das futuras gerações vendo uma atitude canhestra e imoral tomada pela Ferrari, quando os pais procuram ensinar que o sucesso depende do esforço e do trabalho. O mundo estaria melhor se não houvesse pessoas desprovidas de senso do que é certo e errado, ao contrário de escolher o caminho da ética e da moral.

Na Ferrari fazia exatamente um ano que Felipe Massa escapou de um terrível acidente. Ficou evidente durante toda a corrida que seria o dia de seu reencontro com a vitória. Mas o todo poderoso chefe da equipe da Ferrari deu a ordem para que ele desacelerasse, permitindo a ultrapassagem e abrindo caminho à vitória de Fernando Alonso, enquanto isso, nós brasileiros, à frente da televisão enrolamos nossas bandeiras indignados com a afronta às regras básicas que devem nortear o esporte.

No fundo somos todos uns patetas! “Arrivederci Ferrari e louros à boa conduta esportiva”.

Tadeu Fernandes
Advogado
Rondoniagora.com

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