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Ivonete Gomes

Criação de mais cargos, supersalários e recriação de agência reguladora mostram incoerência entre discurso e prática de Léo Moraes

Terça-feira, 06 Maio de 2025 - 11:57 | Ivonete Gomes


Criação de mais cargos, supersalários e recriação de agência reguladora mostram incoerência entre discurso e prática de Léo Moraes

As cortinas de fumaça meticulosamente erguidas por Léo Moraes começam a se dissipar – e, por trás delas, emerge uma gestão marcada por incoerências, aparelhamento e projetos que ameaçam as finanças de Porto Velho. O prefeito, que construiu sua imagem pública atacando supostos abusos da administração anterior, agora repete (e amplia) os mesmos vícios que condenava, revelando um jogo político onde o discurso é apenas um instrumento para mascarar intenções nada republicanas.

Na noite desta terça-feira, 5 de maio, o prefeito enviou à Câmara Municipal uma série de projetos que, segundo denúncias de vereadores, foram encaminhados “na calada da noite” e representam um risco concreto de colapso fiscal. Entre eles, está a proposta de recriação da Agência Reguladora – a mesma que Léo, no início do mandato, alegou extinguir por "gastos excessivos". Agora, porém, a nova versão da agência virá com a criação de 61 cargos e um custo este ano estimado em mais de R$ 3 milhões, mas que quase dobra em 2026 e 2027. Um total de mais de R$ 14 milhões pelos próximos três anos.

A contradição é gritante. O problema, como fica evidente, nunca foi o gasto, mas sim o controle político da estrutura. O objetivo real parece ser aparelhar o órgão com aliados do prefeito, encarregados justamente de fiscalizar contratos milionários do município – uma movimentação que, no mínimo, compromete a independência institucional da agência.

E os absurdos não param por aí. Léo Moraes tem sustentado, desde o início do mandato, a narrativa de que o Instituto de Previdência do Município (IPAM) foi deixado em ruínas pela gestão anterior. Em suas palavras: “um rombo bilionário” e “fortes indícios de corrupção”. Para justificar tal cenário, contratou uma auditoria ao custo de R$ 300 mil. Mas agora, paradoxalmente, propõe a criação de 29 novos cargos comissionados no mesmo IPAM – com salários que chegam a ultrapassar os R$ 27 mil. O impacto anual? R$ 2,5 milhões.
Ou seja: o instituto que, até ontem, era símbolo do caos, hoje se torna vitrine para abrigar apadrinhados. O discurso de austeridade, mais uma vez, desaba frente à prática da velha política do loteamento de cargos.

Outro projeto milionário encaminhado por Moraes diz respeito à Empresa de Desenvolvimento Urbano (EMDUR), que ganhará mais 25 cargos e novos jetons, com impacto superior a R$ 2,1 milhões por ano. A ofensiva gerou reações imediatas no Legislativo, onde parte dos vereadores já começa a romper com o prefeito. “Hoje foi dia de ferrar o município”, declarou o vereador Marcos Combate em vídeo divulgado nas redes sociais.

E, de fato, o que se viu nesta terça-feira foi mais do que uma manobra orçamentária: foi o desmascaramento de um governo que tenta vender uma imagem de gestor moderno e responsável, mas que reproduz os piores vícios do fisiologismo. A população começa, enfim, a enxergar as duas faces de Léo Moraes: o que denuncia nas redes os supostos desmandos do passado – e o que, longe das câmeras, articula cargos, inchamento da máquina pública e controle político de órgãos técnicos.

Diante da crescente perda de apoio na Câmara e do esgotamento de sua retórica moralista, o prefeito se vê cada vez mais isolado. O preço dessa incoerência pode ser alto – e pago, mais uma vez, pela população de Porto Velho.

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