Diga-me com quem andas… e te direi se vais continuar vereador

Veio de Coríntios 15:33 — “Não se deixem enganar: as más companhias corrompem os bons costumes” — a inspiração para o conhecido ditado popular: “Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és”. Poucos conselhos são tão repetidos, e não à toa. Na política, especialmente, ignorá-lo costuma custar caro — às vezes, o preço é a própria carreira.

Na Câmara de Vereadores, há quem, por conveniência ou ganância, se arrisque nas piores companhias acreditando que o eleitor não notará. Apostam na ignorância popular, como já fizeram para se eleger, e seguem garantindo seu quinhão às custas do erário. Fazem-se de cordeiros nas redes sociais, mas são lobos vorazes nos bastidores, disputando contratos, cargos e favores como se o serviço público fosse um balcão de negócios.

Mas há também os estrategistas. Aqueles que não apenas veem o presente, mas enxergam o futuro — e tomam decisões pensando nas próximas eleições, e não no próximo contracheque. É o caso dos vereadores Marcos Combate (AGIR) e Nilton Souza (PSDB), que se afastaram da base do prefeito Léo Moraes (Podemos) e vêm adotando uma postura crítica e vigilante diante dos desmandos do Executivo municipal.

A ruptura não foi gratuita. Vieram cobranças, ameaças veladas e até tentativas públicas de desmoralização. Léo, acuado por denúncias de favorecimento e por uma gestão marcada por emergências fabricadas, voltou a exibir o temperamento autoritário que tentou esconder na campanha: o prefeito que confunde oposição com inimizade pessoal e usa a máquina pública como trincheira contra qualquer voz dissonante — jornalistas, vereadores e até cidadãos comuns que o criticam nas redes sociais.

Ao rejeitarem cargos e benesses, os chamados vereadores independentes perderam o favor do gabinete do prefeito, mas conquistaram algo mais valioso: respeito popular. Com engajamento crescente nas redes e discurso alinhado ao sentimento das ruas, vêm se tornando a principal oposição ao modelo personalista, ineficiente e, segundo o Ministério Público, suspeito de corrupção, encabeçado por Léo Moraes.

Enquanto o prefeito cava sua própria cova política, a Câmara começa a se dividir entre os que seguem calados em troca de cargos e os que ousaram romper, antecipando o fim melancólico dessa gestão.

O cenário de 2025 aponta para uma pergunta inevitável, que apenas o eleitor poderá responder em 2026:

– Quem está com o pé na Assembleia Legislativa? O vereador espertinho, que se vende por cargos, ou o estrategista, que sofre as retaliações bancadas pela máquina da pública para o bel prazer de Moraes?