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Ivonete Gomes

Vende-se dificuldade, entrega-se facilidade: a manobra asfáltica da gestão Léo Moraes

Segunda-feira, 23 Junho de 2025 - 14:27 | Ivonete Gomes


Vende-se dificuldade, entrega-se facilidade: a manobra asfáltica da gestão Léo Moraes

Porto Velho parece ter se tornado especialista em malabarismo administrativo. Sob a batuta do prefeito Léo Moraes, a Prefeitura elevou a burocracia à categoria de espetáculo e transformou o básico, como tapar buracos, em um enredo kafkiano de idas, vindas, assinaturas e reuniões técnicas que jamais desembocam em solução prática. Enquanto isso, por trás da cortina, contratos milionários surgem como mágica, vindos de outros cantos do Brasil.

Em fevereiro deste ano, a Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação (SEMOB) iniciou o que prometia ser um robusto e transparente processo de licitação para a aquisição de massa asfáltica tipo C.B.U.Q, material essencial para pavimentação e manutenção das vias da capital. Técnicos elaboraram estudos técnicos, formalizaram demandas, calcularam quantidades, projetaram sustentabilidade e, claro, encheram o processo de carimbos e protocolos, tudo seguindo a cartilha da nova Lei de Licitações.

O curioso é que, enquanto o processo próprio se arrastava como um trator sem combustível dentro da burocracia da SEMOB, outra engrenagem girava com impressionante agilidade: a adesão à Ata de Registro de Preços da empresa Eixo Norte Ltda, do Estado do Tocantins. Em menos de dois meses, a administração municipal conseguiu driblar o caminho tortuoso que ela mesma construiu e, num passe de mágica, contratou R$ 26,4 milhões em asfalto via ata de Palmas.

O resultado? Porto Velho, atolada em buracos, mas não por falta de massa asfáltica ou planejamento técnico, e sim por excesso de jogo de cena e conveniências questionáveis.
O mais saboroso desse teatro administrativo é a performance dos próprios protagonistas. São os mesmos técnicos, os mesmos documentos, as mesmas justificativas rodando em círculos dentro da SEMOB, enquanto paralelamente, e às pressas, homologam contratos externos. A tal "falta de agilidade" que justifica aderir atas de outros municípios parece ser seletiva, quase uma arte. Como diz o velho aforismo: vende-se dificuldade para colher facilidade. E aqui, a colheita é generosa.

Nas redes sociais, o prefeito posa como o novo herói do asfalto, lançando holofotes sobre si mesmo enquanto as sombras do seu governo crescem, espessas e silenciosas, nos bastidores dos gabinetes. É o espetáculo da dificuldade fabricada, onde o cidadão paga duas vezes: uma pela incompetência e outra pela esperteza.

Enquanto o processo de licitação próprio segue engavetado, Porto Velho pavimenta, literalmente, os caminhos da conveniência. E o solo da cidade, este, segue esburacado, não só pelas crateras nas ruas, mas pelos rombos na transparência.

Em tempos de gestão espetáculo, os buracos são só o começo. E o asfalto, ironicamente, vira matéria-prima para encobrir o que de fato deveria ser exposto.

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